Às vezes é tudo uma questão de interpretação: a forma como lhe perguntou porque chegou tarde a casa ou por que motivo a cama continua por fazer. À medida que as crianças vão crescendo, a comunicação com os pais corre o risco de tornar-se mais difícil e a convivência entre ambos é, muitas vezes, um desafio constante. Porque ele virou as costas antes que acabasse de lhe dizer o que fazer ou, então, respondeu com um vago “está bem…”. Mas, não, não está.

A psicóloga espanhola Sònia Cervantes, autora do livro “Socorro! Tenho um adolescente em casa” e formada em terapia infantojuvenil, fez, a pedido de um Observador, uma lista do que não deve (ou não pode, depende da interpretação) dizer ao seu filho adolescente. Porque um “Não concordo com o que dizes” é sempre melhor do que “O que dizes é absurdo” e ninguém gosta de ouvir “Eu bem te avisei…”.

1. “Tu nunca…” (algo negativo)
Será preferível dizer: “Raramente, tu…”

2. “Tu sempre…” (algo negativo)
Será preferível dizer: “Muitas vezes, tu…”

3. “Tu és…” (algo negativo)
Será melhor dizer: “Tu comportas-te como…”

4.“Não suporto que…” (algo negativo)
Será melhor dizer: “Não gosto quando…”

5. “O que tens de fazer é…”
Será melhor dizer: “Gostaria que fizesses…”

6. “O que dizes é um absurdo…”
Será melhor dizer: “Não estou de acordo com o que dizes”.

7. “Isso aconteceu-te porque…”
Será melhor dizer: “Penso que isso aconteceu-te porque…”.

8. “Se continuares assim vais ver…” 
Será melhor dizer: “Penso que devias mudar a tua forma de atuar”.

9. “És igual a…” 
Será melhor focar-se no comportamento do adolescente sem o comparar a ninguém, especialmente com o irmão.

10. “Desiludiste-me”
Será melhor dizer: “Não gostei que tivesses feito isto”.

Em última análise, tenha em consideração que “os adolescentes sentem-se confortáveis quando são aceites, compreendidos e amados, como qualquer adulto”, diz Sònia Cervantes ao Observador. O mais provável é que, muitas vezes, não esteja de acordo com o que o seu filho diz — não há nada de errado com isso, mas é importante que ele sinta que tem interesse no que pensa. Isto porque “muitos pais e mães queixam-se que os seus filhos não os respeitam, mas eles também não o fazem em algumas ocasiões (…) Devemos tentar criar um clima de confiança e compreensão [para os filhos]”.

 

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