É caso para dizer que os frescos de Miguel Ângelo, na Capela Sistina, no Vaticano, ganharam hoje uma nova cor. Ou melhor dizendo, uma nova luz. Trinta e quatro anos após o fecho das janelas superiores, a Capela Sistina estreou esta quinta-feira um novo sistema de iluminação que reproduz a luz natural e permite visualizar mais pormenores da obra de Miguel Ângelo.

“O novo sistema de iluminação aumenta todas as maravilhas, incluindo os mais pequenos detalhes da mais importante obra do renascimento italiano”, afirmou Antonio Paolucci, diretor dos Museus do Vaticano, citado pelo El Mundo. Segundo o coordenador do projeto (que envolveu especialistas das universidades de Roma, Budapeste e Barcelona), Mourad Boulouednine, foi alcançado “o equilíbrio perfeito entre o espetro de luz e os pigmentos das obras de arte para assim criar a melhor experiência de visual possível”. Além disso, “a nova unidade tem uma energia muito mais eficiente do que o sistema anterior e não prejudica o trabalho artístico”.

Em 1989, o Vaticano decidiu tapar as janelas da Capela Sistina para que os raios ultravioletas (UV) não danificassem os frescos de Miguel Ângelo. Mas agora, e como forma de comemorar os 450 anos da morte do “Divino” Miguel Ângelo, a Capela Sistina ganhou um novo sistema de 7.000 LEDs, que permite uma irradiação uniforme, sem danificar a obra. Desta forma, os cerca de seis milhões de visitantes por ano poderão admirar mais pormenores da obra de Miguel Ângelo tal como foi possível há 502 anos, quando o público viu pela primeira vez esta obra.

Em 2015, segundo o mesmo jornal espanhol, o Vaticano oferecerá também aos visitantes uns óculos de realidade virtual, que permitirão ver uma reconstrução virtual em três dimensões da famosa capela antes mesmo de iniciarem a visita real.

Apesar destas melhorias, persiste um problema na Capela, que diz respeito ao elevado número de visitantes e o pó acumulado pela passagem dos mesmos e que provoca danos nos frescos. Para atenuar estes efeitos foi também posto hoje a funcionar um novo sistema de climatização de última geração criado por uma empresa norte-americana que irá reduzir os níveis de dióxido de carbono, poeiras e outras substâncias prejudiciais à capela, e que irá controlar a humidade e a temperatura no interior da mesma.

Contudo, estas inovações podem não chegar e por isso está cada vez mais em cima da mesa a possibilidade de limitar o número de visitantes na capela. “Se o número de visitantes dos museus do Vaticano continuar a aumentar vamos limitar as visitas a 20 mil pessoas por dia, com um máximo de duas mil de cada vez”, confirmou Antonio Paolucci.

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