Paulo Portas encerrou esta sexta-feira o debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2015 com muitas provocações ao Partido Socialista, mas não só, voltando a acusar o Governo anterior de ter deixado o país falido e o PS de não ter orientação. “É um pesadelo que vocês deixaram” ou “deixaram-nos um país falido” foram apenas algumas das picardias do atual vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP diretamente para a bancada do PS, no dia em que a maioria aprovou sozinha (PS, PCP e BE votaram contra) a proposta de Orçamento do Estado para 2015 na generalidade.
No entanto, as provocações não se ficaram por aqui. Inicialmente, Paulo Portas começou por elencar o que considera serem as vitórias deste Governo: “mais soberania”, “mais liberdade” e “mais liberdade”, depois do que diz ter sido um “enorme vexame para Portugal” ao ter de pedir ajuda externa ao Fundo Monetário Internacional e à União Europeia.
Seguiram-se as medidas em que reclama vitória, como o caso do que serão os benefícios da reforma do IRS para as famílias com filhos e para as pessoas com menores rendimentos – que estão numa proposta de lei fora do Orçamento do Estado -, mas cedo o discurso teve como alvo o maior partido da oposição, de forma mais direta.
“Ouvimos ontem a oposição dizer que este orçamento é mais do mesmo. Ninguém no seu são juízo esperaria que o primeiro orçamento depois da troika fosse um orçamento anti troika. Não estamos para aventuras”, disse o governante, atirando para o PS: “se não conseguem suportar a realidade, pelo menos mudem de conversa”.
Paulo Portas começou então a disparar contra o PS, acusando o partido de ter deixado um pesadelo, e que a solução foi paga “duramente” pelos portugueses, de ter deixado o país falido, e acusou o PS de estar em negação.
Antes de lembrar o passado e a “assombração” de José Sócrates ao atual PS, Paulo Portas teve ainda tempo de provocar o Bloco de Esquerda, que protestava com as palavras do vice-primeiro-ministro: “eu vejo a esquerda a tomar as dores do PS. Vão pelo bom caminho. Depois não se admirem de perder os votos”. Portas acabou a atacar Vieira da Silva, que disse na quinta-feira que o partido tudo tinha feito para evitar uma intervenção estrangeira no país, e lembrando a ‘assombração’ de José Sócrates.
“A frase que marcou este debate, a do deputado Vieira da Silva, que garantiu, para incredulidade geral, diria mesmo para pasmo geral, que o Governo socialista fez tudo para evitar a intervenção estrangeira, recolocou a questão do passado num ponto de maior interesse. O problema do passado do PS ainda é, e continuará a ser, o problema do futuro do PS. E eu refiro-me à ideia de legado expressa pelo deputado Vieira da Silva. Não estou sequer a referir-me, porque ainda estou em estado de choque, à assombração trazida hoje pelo respeitável deputado Ferro Rodrigues”, afirmou, atirando que “o PS está em negação”.