É de 1964, foi assinada por um funcionário da Agência Federal de Investigação (FBI), na altura liderada por J. Edgar Hoover, e foi enviada a Martin Luther King. A carta, agora tornada pública, é redigida numa linguagem insultuosa e terá servido para chantagear o ativista.”Animal anormal e imundo” são apenas alguns dos nomes que o FBI escreveu para o definir. Depois recomendou que se suicidasse.

Já não era segredo que esta carta existia. A História Americana chama-lhe a “carta do suicídio” e o documento em si foi “altamente censurado” devido ao seu conteúdo, como explica o “The Telegraph” . A carta foi agora divulgada depois de um historiador da Universidade de Yale a ter encontrado no Arquivo Nacional, onde fazia pesquisas para um livro que está a escrever sobre Hoover.

O funcionário do FBI que assina a carta, de nome William Sullivan, apresenta uma escrita insultuosa e de construção gramatical bizarra. E socorreu-se de juízos de valores sexuais para atacar o pastor, que seria assassinado três anos depois. A carta vinha acompanhada de várias gravações de conversas telefónicas de King que provavam as suas relações extraconjugais.

A carta começa por comparar King com o rei Henrique VIII “… e os seus incontáveis atos adúlteros e conduta imoral, menor que uma besta”. E termina a sugerir a King para se suicidar, como sendo essa a sua “única saída”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Algumas frases da carta:

“[Na gravação] Vais encontrar toda a conversa suja, imunda, maldosa e imbecil”.

“Está tudo nas gravações, as tuas orgias sexuais. Escuta-te a ti próprio, a tua imundície, animal anormal”.

“Estás a ser escutado. Tens sido escutado – todos os teus atos adúlteros, as tuas orgias sexuais que vêm de longe. Esta é só uma amostra”.

“Vais perceber isto. Sim, desde os teus vários companheiros do mal, na costa leste (…), na costa este e fora do país. Está tudo registado. King, estás feito”.

Martin Luther King era pastor protestante e foi um ativista político pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Em 1964, o ano em que recebeu a carta, recebeu o Prémio Nobel da Paz pelo combate à desigualdade racial através da não violência. Um ano antes, foi ele quem liderou a Marcha sobre Washington, o maior protesto pelos direitos dos negros registado nos Estados Unidos. E que imortalizou o discurso de “I have a dream”.