O consumo de drogas é um problema global e todos os dias são publicados artigos e estudos científicos sobre o tema. Que drogas são tomadas, com que frequência e qual o perfil dos consumidores são dados fundamentais para compreender um fenómeno que está muito para além da simples análise estatística. Mas são precisamente os números o ponto de partida que ajuda os investigadores a entender a dimensão e evolução do problema.
Todos os anos várias organizações académicas e governamentais publicam dados estatísticos sobre o consumo de drogas (“leves” e “pesadas”, legais e ilegais), mas o inquérito Global Drug Survey pretende responder também a questões mais subjetivas: quais os motivos que levam ao consumo, a utilização de novas substâncias tais como as variantes de canábis, ou a internet como mercado de droga. E também, quais os motivos que levam as pessoas a deixar de consumir drogas. Ou seja, mais do que o quê, este estudo pretende descobrir os porquês.
Neste ponto convem esclarecer o que se entende aqui por droga: álcool e tabaco são drogas, causam dependência e estão invariavelmente no topo da lista dos produtos mais consumidos pelos inquiridos de todos os países. Outro exemplo: os resultados obtidos no ano passado revelam o aumento do consumo de nicotina e cafeína, em parte devido aos produtos derivados, tais como os cigarros eletrónicos ou as bebidas energéticas. A lista completa referente aos resultados obtidos dos inquiridos portugueses em 2013 pode ser vista aqui.
No ano passado apenas 630 portugueses responderam de forma válida a este inquérito, em parte talvez porque a maioria das pessoas não pensa no álcool, tabaco ou café como uma droga. São substâncias legais e culturalmente aceites, mas a sua relevância estatística é importante para os investigadores.
O questionário online, validado pelo subcomité para a Ética na Investigação da Psiquiatria, Enfermagem e Obstetrícia do King’s College (Londres), é dirigido a maiores de 16 anos, está disponível em 11 línguas incluindo o português, é anónimo e fácil de preencher. A lista de perguntas é dinâmica, ou seja, varia de acordo com as respostas anteriores e pretende analisar em profundidade os hábitos de consumo. A organização garante a confidencialidade dos dados, que serão recolhidos, processados e partilhados com investigadores. Os resultados vão ser divulgados em junho de 2015 — aqui no Observador, iremos analisar os dados obtidos.
O Global Drug Survey é uma organização independente criada há três anos por Adam Winstock, psiquiatra inglês especializado no estudo de dependências. A ideia ganhou corpo em 2011 com uma parceria com a revista de música Mixmag, mas as primeiras ações remontam a 1999. Ao longo dos últimos anos a iniciativa foi reunindo novos parceiros, aos quais o Observador agora se associa.
Questionário: globaldrugsurvey.com/GDS2015/