O Presidente da República sublinhou esta quarta-feira o “forte potencial de criação de emprego especializado” do setor das tecnologias de informação, alertando as instituições de ensino superior para esta “oportunidade”.

“O setor das tecnologias de informação e comunicação poderá acrescentar, em 2020, pelo menos quatro por cento ao produto europeu”, afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, numa intervenção na abertura do 24.º congresso das Comunicações da Associação para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).

Além disso, acrescentou, é um setor com um forte potencial de criação de emprego, tendo vindo a crescer desde 2000 quatro por cento ao ano, “sete vez mais do que o crescimento médio do emprego total no mesmo período”.

Apesar desta “evolução muito positiva”, o Presidente da República alertou para o risco deste potencial ser subaproveitado, pois prevê-se que, nos próximos anos, exista uma lacuna no mercado de cerca de um milhão de profissionais à escala europeia.

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“Esta é uma oportunidade que as instituições portuguesas de ensino superior devem estar atentas”, frisou.

No seu discurso, Cavaco Silva falou ainda brevemente sobre o período de mudanças “sem precedentes” que o setor das tecnologias de informação atravessa, reconhecendo que “terão profundo impacto nos operadores e nos investidores, tal como em trabalhadores e consumidores”.

“Não devemos esperar facilidades, mas podemos encarar o futuro da economia digital, entre nós, com otimismo e esperança”, disse o chefe de Estado, manifestando “total confiança” nas empresas e nas capacidades dos gestores e técnicos para “sustentarem os ciclos de inovação e reinventarem modelos de negócio”.

O Presidente da República abordou igualmente os progressos registados em Portugal no acesso à internet e alertou para a necessidade das empresas portuguesas não ignorarem o potencial dos canais digitais, já que o país se encontra numa “posição excelente” para explorar as oportunidades por eles oferecidas.

Contudo, continuou, apesar das estatísticas animadoras, Portugal continua ainda a apresentar uma das maiores taxas da Europa de não utilização da internet, que se estima que seja de mais de 35 por cento da população, bem como um dos maiores níveis e trabalhadores sem qualquer competência digital.

“Estas fragilidade terão de ser reduzidas ou mesmo eliminadas. A manutenção de um ´fosso digital’ entre os utilizadores regulares da internet e os chamados ´info-excluídos’ é, desde logo, um elemento de desigualdade que abre uma clivagem social, económica e cultural que não podemos admitir num país desenvolvido e justo”, defendeu.

Antes da intervenção do chefe de Estado, o presidente do 24.º congresso das Comunicações da Associação para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), Luís Marques Mendes, falou igualmente da importância da economia do conhecimento, considerando que “os países mais desenvolvidos do mundo não são aqueles que mais têm petróleo”, mas aqueles que mais investem nesse setor.

E, acrescentou, “apesar dos tempos de dificuldades, de hesitações, de limitações e, sobretudo, de incertezas”, o setor das comunicações tem todas as condições de ter “futuro no futuro”.

“Somos um país pequeno, mas não temos de ser necessariamente um país irrelevante, pequenez e irrelevância não são a mesma coisa”, preconizou.