Leiria foi o distrito do país com menor área ardida este ano, anunciou esta quinta-feira o comandante operacional distrital (Codis) no balanço do dispositivo especial de combate a incêndios florestais.

“Fomos o distrito com menos área ardida do país, o que não é normal”, admitiu Sérgio Gomes, numa conferência de imprensa, em Leiria, notando que “são números que, dificilmente, algum dia, se voltarão a repetir”.

Sérgio Gomes reconheceu que “as condições meteorológicas tiveram também algum peso”, mas assinalou que o distrito registou “ocorrências com potencial de risco e de desenvolvimento grande que não ocorreram porque os operacionais no terreno tiveram em muitas dessas situações um nível de assertividade que permitiu que a situação não complicasse e que fosse debelada na sua fase inicial”.

Entre 01 de janeiro e 15 de outubro de 2014, foram registados 421 incêndios florestais no distrito, que originaram a destruição de 103,88 hectares, quando no mesmo período em 2013 foram 665 as ocorrências, 2.354,50 hectares ardidos.

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O comandante operacional salientou que entre os fatores que concorreram para a diminuição de cerca de 40% neste tipo de ocorrências face a 2013 está também “a consciencialização da população” ou o “trabalho de sensibilização e prevenção no âmbito municipal e até ao nível das juntas de freguesias”, e do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da GNR.

O segundo comandante distrital, Luís Lopes, acrescentou que, “desde que há registos, é a área [ardida] mais baixa de todos os anos no distrito de Leiria”.

Segundo os dados divulgados, 65% das ignições ocorreram entre as 08:00 e as 18:00, sendo o dia 17 de agosto o que registou maior número de ocorrências (11). O concelho de Óbidos foi o que teve maior número de incêndios (61), seguindo-se Pombal (55).

Entre os pontos fortes do dispositivo, Sérgio Gomes apontou a “excelente capacidade de mobilização” ou a “assertividade dos operacionais no combate aos incêndios florestais”.

“Desde o dia 16 de outubro de 2013 até maio de 2014, envolvemos cerca de 1.400 operacionais em ações de formação e treino operacional”, sublinhou.

Ações de fiscalização e sensibilização da GNR e PSP, a cooperação entre o Centro de Coordenação Operacional Distrital, serviços municipais e corpos de bombeiros, e a ação de patrulhamento das Forças Armadas foram outros pontos positivos destacados pelo Codis, desejando que este patrulhamento, além das matas nacionais, se estenda ao interior norte do distrito.

Como pontos fracos, Sérgio Gomes realçou a disponibilidade de máquinas de rasto no distrito, o ordenamento florestal e os comportamentos de risco da população, considerando que entre os aspetos a melhorar estão a prevenção e o ordenamento florestal, e a sensibilização, prevenção e fiscalização.

Luís Lopes advertiu que “a acumulação de biomassa este ano foi elevadíssima, o que, se não for feito nada em termos de prevenção e de ordenamento, garantidamente se vai transformar em combustível quando houver incêndios”.

Sobre os equipamentos de proteção individual, o Codis salientou que estes não apagam fogos, mas contribuem para a segurança dos bombeiros, acreditando que antes da próxima época de incêndios, se não forem todos os quase 1.900 bombeiros do distrito, grande parte terá os equipamentos.