A moção de orientação política de João Semedo e Catarina Martins foi a mais votada na IX convenção bloquista, com 266 votos, contra os 258 de Pedro Filipe Soares. Mas na eleição para a Mesa Nacional, que é o órgão de onde sai formalmente a coordenação do partido, houve um empate técnico. Ou seja, o braço de ferro promete ser feroz.

A aposta parece ter sido na continuidade, mas à tangente. Só oito mãos no ar decidiram a parca vitória da moção política dos atuais coordenadores, o que dá uma aparente vantagem a Catarina Martins e João Semedo na liderança do BE. Mas nada é certo, já que o voto secreto para a eleição da Mesa Nacional terminou com um empate a 259 delegados. Foi a votação das moções, que se faz de braço no ar, que acabou por dar sinais do vencedor: 266 votos para a moção dos coordenadores, contra 258 para a moção de Pedro Filipe Soares.

Resta saber como vai o Bloco ser governado quando a Mesa Nacional – órgão máximo entre convenções – estará totalmente dividida entre as duas alas. João Semedo disse aos jornalistas que só se vai pronunciar sobre isso durante o discurso de encerramento, marcado para as 13h30, mas pelos corredores da sala já canta vitória. Pedro Filipe Soares, por outro lado, disse aos jornalistas que a Mesa Nacional ainda tinha de decidir como se sai deste impasse e escusou-se a comentar sobre a sua posição enquanto líder parlamentar.

A verdade é que, apesar da vitória tangente da moção de Semedo e Catarina Martins, a convenção ainda está dividida sobre a forma como há de interpretar as votações. Os estatutos do Bloco são omissos quanto a um empate na Mesa Nacional – tal cenário nunca antes aconteceu -, e o texto da própria moção U diz apenas que os coordenadores são eleitos em função da lista mais votada entre os dirigentes para a Mesa Nacional. O que não aconteceu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na sala do Pavilhão do Casal Vistoso é claro que os bloquistas afetos à moção U, da coordenação, já festejam a vitória, mas os dirigentes afetos à moção E passam a mensagem de que tudo está em aberto: “É a Mesa Nacional que tem de decidir”, dizem.

Os resultados chegaram este domingo depois de um fim de semana de debate intenso que fez da IX convenção bloquista a mais disputada de sempre. Pedro Filipe Soares, que encabeçava a moção E (e da qual também fazia parte o fundador Luís Fazenda e toda a ala da Esquerda Alternativa que se formou dentro do BE), saiu derrotado. Mas por pouco.

Nas votações dos dirigentes para a Mesa Nacional, feita através de voto secreto, os resultados foram os seguintes:

Lista E (Pedro Filipe Soares) – 259 votos

Lista U (Catarina Martins e João Semedo) – 259 votos

Lista B – 51 votos

Lista R – 32 votos

Abstenções – 14

Nas votações das moções, feita de braço no ar, os resultados foram os seguintes:

Moção U (Catarina Martins e João Semedo) – 266 votos

Moção E (Pedro Filipe Soares) – 258 votos

Moção B – 34 votos

Moção R – 30 votos

Moção A – 7 votos