A Galp Energia está a analisar a participação no concurso petrolífero que o Governo moçambicano lançou em outubro para 15 novas áreas de pesquisa, disse nesta quarta-feira à Lusa em Maputo o presidente-executivo da empresa. “Temos todos os dados, estamos numa fase de análise e estudo e a preparar toda a informação para decidirmos o que vamos fazer”, afirmou Manuel Ferreira de Oliveira à margem da II Cimeira do Gás, que decorre na capital moçambicana.

O presidente-executivo da petrolífera portuguesa, que já está presente no bloco 4 da bacia do Rovuma, norte de Moçambique, lembrou que “a Galp Energia estuda, avalia e compra dados para todas as oportunidades desta natureza, em particular nos países lusófonos”.

A ministra dos Recursos Naturais, Esperança Bias, lançou em outubro em Londres o concurso internacional para a prospeção e produção de petróleo e gás natural em 12 áreas “offshore” e três “onshore”. O concurso foi aberto dois meses após a aprovação da nova lei do petróleo no parlamento moçambicano e está a atrair o interesse das principais multinacionais do setor, segundo o Instituto Nacional de Petróleos.

O presidente da instituição, Arsénio Mabote, admitiu hoje porém que o prazo de três meses para a apresentação de propostas é considerado curto pelos interessados e que o Governo moçambicano está a receber pedidos para estender o prazo até seis meses.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Moçambique tem duas áreas de concessão para a exploração de gás natural, estimadas em 200 milhões de pés cúbicos, consideradas como das mais promissoras do mundo e que deverão começar a produzir a partir de 2019, um ano mais tarde do que as previsões do Governo, segundo informou hoje em Maputo Fabrizio Trilli, diretor-geral da Eni East Africa, a multinacional italiana que lidera o bloco 4, onde se encontra também a Galp, com uma participação de dez por cento.

O atraso de um ano é justificado pela demora na tomada de decisões finais de investimento dos operadores, nomeadamente sobre a plataforma flutuante de processamento de gás que o consórcio liderado pela ENI pretende montar na bacia do Rovuma. “O processo está a ser bem avaliado, há muita gente a trabalhar nisso, e a decisão está para muito breve e será comunicada ao mercado”, disse Ferreira de Oliveira.

O presidente-executivo da Galp considerou que o grande desafio que se coloca aos projetos de gás natural em curso em Moçambique é a formação de capital humano local, ainda insuficiente. “O projeto é tão grande e tão complexo que há esse risco”, declarou o responsável da petrolífera portuguesa, deixando um apelo aos onze operadores presentes nos dois blocos da bacia do Rovuma, ao Governo moçambicano e aos prestadores de serviços que apostem na formação.

Ferreira de Oliveira lembrou que o projeto não está concluído e ainda enfrenta riscos, mas o cenário de não acontecer é remoto “porque estes recursos são dos mais competitivos do mundo”. Segundo dados hoje apresentados pelo presidente-executivo da Galp durante a cimeira em Maputo, 29% das principais descobertas do setor petrolífero aconteceram em Angola, Brasil e Moçambique, que deverá beneficiar da previsão de crescimento da procura de gás como fonte primária de energia.

A Galp, disse ainda, está em presente em Moçambique desde 1957 e não tem planos de vender a sua posição na bacia do Rovuma. “De todas as 11 empresas que estão no projeto é aquela que tem o dever de melhor conhecer o terreno e como se trabalha no país. No cumprimento das nossas responsabilidades, estamos a tentar assegurar que passamos aos nossos parceiros a nossa experiência”, declarou.

Organizado pela estatal moçambicana Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) e pelo grupo de promoção de eventos ligados à energia CWC, a cimeira juntará até 05 de dezembro os principais líderes mundiais da indústria de gás natural, representantes de governos, investidores, distribuidores e compradores.