O presidente do Novo Banco, Eduardo Stock da Cunha, afirmou esta quarta-feira à noite que “não está nada fechado” no que diz respeito à venda do Banco Espírito Santo Investimento (BESI), contrariando assim uma notícia da SIC Notícias que dá o negócio como praticamente consumado.
“A acontecer uma negociação relativamente ao BESI, eu deveria estar envolvido”, afirmou Stock da Cunha na TVI. À mesma hora, a SIC Notícias noticiava que aquela instituição será vendida ao grupo chinês Haitong, estando a transação apenas à espera da aprovação do Banco de Portugal e da Comissão Europeia. O canal de televisão avançou ainda que o Conselho de Administração do BESI, liderado por José Maria Ricciardi, deverá manter-se em funções.
Apesar da denominação Espírito Santo, o BESI ficou sob a alçada da nova instituição bancária na sequência da separação do BES em dois bancos. Assim, Stock da Cunha terá uma palavra a dizer na alienação desse património. O mesmo não acontece com o Novo Banco, que é propriedade do Fundo de Resolução Bancária, pelo que o presidente da instituição prefere não comentar eventuais ofertas de compra, como a da Fosun, noticiada pela TVI.
“Nós somos apenas a gestão do Novo Banco”, disse Stock da Cunha, sublinhando que “qualquer oferta deverá ser dirigida ao Banco de Portugal”. Ainda assim, “a ser verdade” o interesse da Fosun, “é uma excelente notícia”, afirmou.
O responsável acredita que o Novo Banco está a “criar valor” e que o prazo previsto para a venda da instituição – algures entre meados do próximo ano e agosto de 2016 – não corresponde a uma venda rápida. “Uma venda rápida seria este fim de semana”, disse, salientando ainda que, entre quinta e sexta-feira, deverá ser publicado um anúncio de venda na imprensa nacional e estrangeira.
Tempos de “frugalidade”
Ao longo da entrevista à TVI, Eduardo Stock da Cunha referiu por diversas vezes que a prioridade do Novo Banco é continuar a aumentar os depósitos e garantir o apoio às empresas, sobretudo as de pequena e média dimensão, até porque o presidente do banco considera que este é um “ator imprescindível” na economia nacional.
Sobre os dois meses que já leva à frente da entidade criada em agosto, Stock da Cunha destaca que “já não se confunde o BES com o Novo Banco” e que já foi possível recuperar “mais de dois mil milhões de euros em depósitos” que se tinham perdido aquando da crise no Banco e no Grupo Espírito Santo.
E, com estes, não há confusão possível, afirmou. “Uma andorinha não faz a Primavera”, comentou, a propósito dos dois diretores do Novo Banco que foram na semana passada constituídos arguidos depois de buscas na sede do banco.
Stock da Cunha também fez questão de realçar a diferença entre o tempo em que era Ricardo Salgado a presidir ao BES e hoje. “É necessária uma cultura de grande frugalidade”, disse sobre o modelo de gestão que quer implementar no Novo Banco. “Não quero ficar preso na gaiola dourada do 15º andar da Avenida da Liberdade”, rematou.