Os ataques aéreos na Síria realizados pela coligação dirigida por Washington contra o grupo Estado Islâmico são ineficazes, disse o presidente sírio, Bashar Al-Assad, numa entrevista publicada hoje na revista francesa Paris-Match.

Essas intervenções aéreas “ter-nos-iam certamente ajudado se fossem sérias e eficazes. Somos nós que levamos a cabo os combates terrestres contra o Daesh (acrónimo árabe do Estado Islâmico) e não constatámos qualquer avanço, sobretudo porque a Turquia presta todos os dias um apoio direto nessas regiões”, sublinhou.

O presidente sírio advertiu que não se consegue acabar com o terrorismo através de ataques aéreos, porque “as forças terrestes que conhecem a geografia e atuam em simultâneo são indispensáveis”.

“Essa é a razão pela qual não há resultados reais após dois meses de campanhas levadas a cabo pela coligação. Não é verdade que os ataques da coligação nos estejam a ajudar”, acrescentou.

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Os cerca de 60 países que participam na coligação internacional na Síria e no Iraque estimaram, por sua vez, na quarta-feira, que a campanha aérea está a começar “a dar resultados”.

O avanço do Estado Islâmico no Iraque e Síria “está a ser contido”, afirmaram os países envolvidos na campanha no âmbito de uma reunião ministerial em Bruxelas.

Bashar Al-Assad confirmou também que Damasco considera os ataques dos norte-americanos e dos seus aliados como uma “violação da soberania nacional” da Síria.

“Trata-se de uma intervenção ilegal, primeiro porque não teve a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, e também porque não teve em conta a soberania de um Estado que é a Síria”, declarou.

Questionado sobre a queda e morte de Saddam Hussein e de Muammar Kadhafi, Bashar Al-Assad respondeu que “um capitão não pensa na morte, nem na vida, ele pensa em salvar o seu navio”. O seu “objetivo não é continuar presidente, nem antes, nem durante, nem depois da crise”, acrescentou.

“Mas independentemente do que acontecer, nós sírios nunca aceitaremos que o nosso país se torne um joguete nas mãos do ocidente. Este é um princípio fundamental para nós”, sublinhou.