O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou que o benefício da construção de obras faraónicas foi apenas “para alguns”, apesar de todos terem de pagar, o que classificou de “socialismo” de que não gosta.

“Quantas obras foram realizadas em Portugal durante tantos anos, que nos pareceram quase faraónicas, sem que isso tivesse resultado em benefício de ninguém? Hoje sabemos, feitas as contas, que houve benefícios, mas não foi para todos, foi apenas para alguns. Mas também sabemos que o preço que será pago por isso será pago por todos e esse é o socialismo de que não gostamos”.

Pedro Passos Coelho falava na vila da Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra, durante uma tradicional lagarada do PSD, e em resposta a um apelo do autarca local, José Brito, para a concretização de redes viárias para aquele concelho.

O líder do PSD, que também é primeiro-ministro de Portugal, recusou anunciar o que quer que fosse, prometeu que o assunto será analisado, mas também lembrou que “os portugueses não esquecem” as muitas obras faraónicas.

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O primeiro-ministro também defendeu que no país devia haver uma espécie de “prova cega” que permitisse reconhecer o mérito e importância dos projetos, das empresas e das iniciativas no ato de atribuir apoios.

“Se um projeto é bom tem de ser apoiado e um projeto é bom se não for batoteiro, se for competitivo, se criar emprego, se render dinheiro (…). É isso que nos interessava, não é saber se o projeto é da empresa A ou da empresa B, se é do filho do senhor C ou do senhor D, amigo de E ou de F”, disse.

Passos Coelho garantiu que é esse o país que está a construir: “um país que não gasta muito dinheiro no que não gera emprego, um país que aplica os seus recursos, que são escassos, para ter uma sociedade em que as desigualdades sejam menores”.

“Nós temos que valer não pelo rótulo que nos ponham na nossa testa, não pelo cartão de militante que trazemos na nossa carteira, não por ter certos amigos, nem por ter nascido em certos sítios”, reiterou.

O primeiro-ministro lembrou ainda Sá Carneiro e a coligação que este liderou para “oferecer um Governo mais estável em Portugal” e lamentou que, agora, os adversários do PSD não tenham optado pelo diálogo, garantido todavia que continua à espera.

“Estivemos mais de três anos à espera de que os nossos adversários perdessem o medo à crise e perdessem o medo de perder os votos dos portugueses (…), é pena, há coisas que não dependem só de nós. Nós continuaremos à espera”, afirmou.

Segundo Pedro Passos Coelho o prejuízo é para “Portugal, que fica à espera que alguém tenha consciência de que precisa de pôr Portugal antes dos resultados partidários”.

O presidente do PSD prometeu ainda que continuará a fazer “o que é preciso” e disse que é sua “profunda convicção” que “a mudança feita até aqui não parará nem no dia a seguir às eleições”.