O Bloco de Esquerda (BE) quer que Durão Barroso explique exatamente qual o seu envolvimento no caso BES por não parecer “compreensível nem natural” que Ricardo Salgado tenha falado com o presidente da Comissão Europeia sobre a crise no grupo português. Em Braga, para uma homenagem ao ex-deputado da UDP, Gonçalves da Silva, a porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, confirmou a intenção dos bloquistas, noticiada pelo Expresso, em que o ex-presidente da comissão Europeia e ex-primeiro-ministro seja ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES.
O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, afirmou na referida comissão que contactou o então presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, para o avisar sobre os problemas do GES, garantindo, no entanto, que não lhe solicitou qualquer ajuda para o grupo empresarial. “Se Durão Barroso, enquanto era presidente da Comissão Europeia, e uma vez que foi primeiro-ministro português, esteve ligado ao BES há vários anos, foi envolvido por Ricardo Salgado, se teve reuniões se teve conversas, tem que explicar exatamente qual foi o seu envolvimento neste caso”, afirmou Catarina Martins.
Segundo a porta-voz do BE, “há em todo o caso explicações a dar”, até porque não é explicito o porquê do envolvimento de Barroso no caso BES. “Não nos parece compreensível nem natural que Ricardo Salgado tenha ido falar com o presidente da Comissão Europeia”, apontou. O Bloco quer, assim, “saber o que se passou” entre o ex-líder do PSD e o grupo GES.
“Aparece o nome dele [Durão Barroso] citado em atas como uma das possibilidades de influência para tentar salvar o Grupo Espirito Santo e, portanto, perceber porque falou com Ricardo Salgado, o que falou e se tomou alguma diligência”. Na audição no parlamento, Ricardo Salgado assegurou que não pediu nenhum favor a Durão Barroso, nomeadamente, sobre uma eventual atuação do responsável junto do Governo português acerca do pedido feito pelo GES para receber um financiamento público, tendo explicado aos deputados as ligações entre o ex-presidente da Comissão Europeia e o GES.
José Durão Barroso “foi de facto conselheiro do grupo enquanto esteve em Washington e depois voltou para Portugal e deixou de ser conselheiro do grupo”, revelou Salgado.
