Benfica faz o pleno, no ano da morte de Eusébio e Coluna

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O Benfica conseguiu em 2014 um inédito pleno no futebol português, ao vencer campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça, no ano em que o clube perdeu o “rei” Eusébio e Mário Coluna, que faleceram no início do ano. O “Pantera Negra” partiu a 05 de janeiro, com 71 anos, enquanto o “Monstro Sagrado” abandonou o mundo dos vivos um mês e 20 dias depois, a 25 de fevereiro, com 78, mas ambos estiveram “presentes” nos variados festejos “encarnados”.

A festa só não se estendeu ao exterior, pois, pelo segundo ano consecutivo, o Benfica perdeu a final da Liga Europa, desta vez no sempre ingrato desempate por penáltis, face ao Sevilha, em Turim — e com muitas queixas do árbitro, à luz dos encarnados.

Ainda assim, e depois de uma época 2012/13 que acabou em pesadelo, os comandados de Jorge Jesus vingaram-se em 2013/14, vencendo o campeonato com mais sete pontos do que o Sporting, segundo classificado, e 13 face ao FC Porto, terceiro. Nas outras competições, o Benfica ganhou sempre à custa de um surpreendente Rio Ave, que caiu por 1-0 na Taça de Portugal, por 2-0 na Taça da Liga e, já na presente temporada, apenas na “lotaria” das grandes penalidades (3-2) na Supertaça.

Os “encarnados” somaram troféus e jogos para a “lenda”, incluindo as eliminatórias com Juventus e Tottenham e três duelos com o “rival” FC Porto, o 2-0 para o campeonato, o jogo dos “11 eusébios”, e, reduzidos a 10, o 3-1 para a Taça de Portugal e o 4-3 nos penáltis para a Taça da Liga, no Dragão. Oblak, Garay, Siqueira, Markovic, Rodrigo, Cardozo e André Gomes, que, entretanto partiram, mais Enzo Perez, Gaitan, Salvio, Luisão, Maxi Pereira, Ruben Amorim e Artur foram os maiores protagonistas das conquistas benfiquistas.

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Se o Benfica monopolizou, o Rio Ave foi a outra equipa lusa em evidência, ao atingir duas finais, a da Taça de Portugal e a da Taça da Liga, após “arrumar” o Sporting de Braga em ambas, para, depois, disputar ainda a Supertaça. Aos vila-condenses, com Nuno Espírito Santo ao leme nas duas primeiras, antes de ingressar no Valência, e com Pedro Martins na última, só faltou surpreender o Benfica, uma vez que fosse, o que esteve perto de acontecer. Por seu lado, e depois da pior época de sempre (sétimo posto), o Sporting conseguiu, cinco anos depois, voltar a ser segundo na I Liga, enquanto o FC Porto foi apenas terceiro, falhando o “top 2” apenas pela terceira vez em 32 anos.

À margem da competição, o ano ficou marcado pelos problemas na Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), com o muito contestado Mário Figueiredo a acabar por ceder, a custo, o lugar a Luís Duque, nome promovido por uma maioria alargada, com Benfica e FC Porto, mas não com o Sporting. O clube “leonino” não participou na escolha do seu ex-dirigente, com quem tem um litígio, e Bruno Carvalho, sempre muito interveniente ao longo do ano, acusou os outros dois “grandes” de uma aliança contra o Sporting.

Por seu lado, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) viveu também um ano atribulado, mais pela parte desportiva, com as dificuldades em explicar o insucesso no Mundial 2014, no Brasil, onde a seleção das “quinas” caiu com estrondo na primeira fase.

O arranque para o Euro2016 também não correu bem (0-1 com a Albânia) e Paulo Bento foi substituído por Fernando Santos, que começou de forma muito feliz e lançou Portugal para uma nona fase final consecutiva de uma grande competição.

Melhor, esteve a seleção de sub-21, que cumpriu uma inédita qualificação 100 por cento vitoriosa para o Europeu da categoria, no qual pode qualificar-se para os Jogos Olímpicos (Rio2016), num ano em que os sub-20 jogam o Mundial.

Título europeu de ténis de mesa foi a “cereja” de um ano de medalhas

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O hino nacional, cantado a plenos pulmões para celebrar o título europeu conquistado pela seleção de ténis de mesa, em Lisboa, ficará como o ponto alto de um 2014 glorioso para as modalidades portuguesas.

Foi, aliás, um ano de ouro (e prata e bronze) para as modalidades em Portugal: embora o cetro europeu de ténis de mesa, conquistado em “casa”, tenha sido o que maior impacto causou, houve ainda títulos de dimensão planetária, todos assinados por jovens promessas. Os juniores Vasco Ribeiro e Ivo Oliveira foram, respetivamente, campeão mundial de surf e campeão mundial de perseguição individual em ciclismo de pista, enquanto a seleção sub-20 masculina de hóquei em patins conquistou o ouro mundial.

O título europeu do remador Pedro Fraga, em Skiff Ligeiro, também merece destaque, mas nem só de primeiros lugares se conta a história nacional, também de pratas, como a de Telma Monteiro, vice-campeã do Mundo de judo pela quarta vez, a do K4 masculino 1.000 metros, que se sagrou vice-campeão mundial de canoagem, ou a de Paulo Gonçalves, vice-campeão do Mundo de todo-o-terreno.

De bronze foram os sonhos de Jessica Augusto, terceira na maratona no Europeu, da canoísta Teresa Portela, bronze em K1 200 e em K1 500 metros no Europeu, e de Sara Moreira, que na sua estreia na distância, subiu ao pódio da Maratona de Nova Iorque como primeira não-africana, ficando em 3.º lugar.

Sem medalha, mas com os melhores resultados de sempre nas suas modalidades ficaram Rui Costa, que venceu pela terceira vez consecutiva a Volta à Suíça e acabou a temporada no quarto lugar do ranking mundial, no ano em que andou de “arco-íris”, e João Sousa, que conseguiu a melhor posição de sempre de um tenista luso no “ranking” (35.º) e que foi o primeiro português cabeça de série de um torneio do “Grand Slam”.

Mais do que o quinto lugar no Mundial de 49er, os velejadores Jorge Lima e José Luís Costa acabam 2014 com a sensação de dever cumprido e com os olhos postos em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, depois de reservar um lugar para Portugal.

Os sucessos dos desportistas lusos pelo Mundo não ofuscam os êxitos nacionais dos suspeitos do costume e de um inesperado Valongo, que contrariou o favoritismo do FC Porto e, numa verdadeira “final” para atribuição do título de hóquei em patins, venceu para conquistar o seu primeiro cetro nacional. O Valongo foi a exceção que confirma a regra: dentro do pavilhão, são os três grandes que reinam, com o FC Porto a vencer no andebol, o Sporting no futsal e o Benfica no basquetebol e voleibol.

No panorama internacional, destaque para o título mundial de basquetebol dos Estados Unidos e o regresso ao topo do mundo motorizado, leia-se Fórmula 1, do britânico Lewis Hamilton, campeão pela segunda vez (a primeira foi em 2008), no ano em que o reinado do alemão Sebastien Vettel terminou. Nas duas rodas, o piloto Marc Márquez tornou-se o mais novo bicampeão do Mundo da história do MotoGP, numa época em que os espanhóis venceram em todas as categorias, e o ciclista italiano Vincenzo Nibali festejou a conquista da mais apetecida das camisolas amarelas, ao vencer o Tour2014.

Falar de recordes obriga a falar de ténis e do espanhol Rafael Nadal que conquistou o seu nono título em Roland Garros, batendo o recorde de maior número de troféus conquistados no mesmo torneio do “Grand Slam”. E, como não, do suíço Roger Federer, que juntou ao seu palmarés o grande título que lhe faltava, a Taça Davis.

No atletismo, caíram duas marcas emblemáticas: o francês Renaud Lavillenie saltou 6,16 metros superando, por um centímetro, o recorde com 21 anos do ucraniano Sergey Bubka, e o queniano Dennis Kimetto correu, em Berlim, a maratona em 2:02.57 horas, tornando-se o primeiro a fazê-lo abaixo das 2:03 horas.

Ronaldo foi “omnipresente” e só faltou ao Mundial

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Cristiano Ronaldo começou o ano a erguer a Bola de Ouro, como melhor futebolista do mundo em 2013, e deu, ao mesmo tempo, o pontapé de saída para outros 12 meses assinaláveis, apesar do fracasso no Mundial.

A desastrada campanha no Brasil foi a mancha mais significativa, num ano de êxitos individuais e coletivos com o Real Madrid, em que a conquista da Liga dos Campeões, a tão ambicionada “10.ª”, compensou amplamente a perda do título espanhol para o Atlético de Madrid. Na final da Liga dos Campeões, a primeira disputada em Portugal desde a criação deste formato, o Atlético foi precisamente o adversário dos “merengues” e saiu do Estádio da Luz, em Lisboa, derrotado por 4-1, a 24 de maio, depois de Sergio Ramos “salvar” o Real e forçar o prolongamento com um golo aos 90+3 minutos.

O extremo português fechou a contagem sobre o minuto 120, de grande penalidade, e atingiu os 17 golos na Liga dos Campeões de 2013/14, tornando-se o melhor marcador numa só edição, ao bater os 14 do argentino Lionel Messi em 2011/12. O madeirense ergueu assim a Taça dos Campeões pela segunda vez na sua carreira, seis anos depois da vitória ao serviço do Manchester United, numa época em que venceu também a sua terceira Bota de Ouro, pelos 31 golos marcados no campeonato espanhol, os mesmos do uruguaio Luis Suárez (Liverpool).

Encerrado o capítulo das competições de clubes – com o Manchester City campeão em Inglaterra, o Bayern Munique dominador na Alemanha, a Juventus a repetir o triunfo em Itália e o PSG a ganhar em França –, as atenções voltaram-se para o Mundial, a “cimeira” do ano.

Ronaldo e Messi aterraram no Brasil como principais figuras, mas, se a Argentina esteve à altura da sua “estrela”, caminhando até à final, Portugal não acompanhou o seu “capitão” e este, diminuído por um problema num joelho tardiamente assumido, esteve como a equipa, mal. A história da passagem da seleção portuguesa pelo Brasil resume-se a uma confrangedora goleada sofrida na estreia, com a Alemanha (4-0), um empate com os Estados Unidos (2-2) e uma vitória “curta” sobre o Gana (2-1), no jogo em que Ronaldo marcou o seu único golo, o último, e falhou uma “mão cheia”.

Com o português “fora de jogo”, Messi foi eleito melhor jogador do Mundial mesmo sem brilhar, o colombiano James Rodríguez ganhou dimensão planetária com os seus seis golos e Luis Suárez teve uma suspensão exemplar pela dentada em Chiellini, só que, no final, não prevaleceram as individualidades, mas sim o coletivo da Alemanha.

Vencedores do Grupo G, os germânicos encadearam depois triunfos sobre Argélia (2-1, após prolongamento) e França (1-0) antes de deixarem uma nação em choque com a goleada de 7-1 sobre o Brasil, no Estádio Mineirão, em Porto Alegre.  O “Mineiraço” – numa analogia com o “Maracanzo”, a final do Mundial de 1950 que o Brasil perdeu com o Uruguai em pleno Maracanã – afastou a seleção anfitriã da final e exacerbou ainda mais a superioridade desta seleção alemã, com evidente influência do Bayern de Pep Guardiola. Na final, frente à Argentina, a formação de Joachim Löw, com seis jogadores da equipa de Munique no “onze”, fez talvez o seu jogo mais cauteloso e esperou até ao minuto 113 pelo golo de Götze, outro homem do Bayern, que saiu do banco ainda antes do prolongamento para dar à Alemanha o “tetra”.

Em Portugal, apesar de assumida a falta de competência da seleção no Mundial, Paulo Bento foi reconduzido como selecionador, mas a derrota com a Albânia no arranque da campanha para o Euro2016 significou a sua substituição por Fernando Santos, que, para já, pôs a equipa no caminho certo.

Em 2014/15, Ronaldo voltou a colocar-se sob os holofotes, ao resolver a Supertaça Europeia, com um “bis” ao Sevilha, e apontar 20 golos nas primeiras 12 jornadas da Liga espanhola. E acabou o ano como campeão do Mundo de clubes.