Não haverá mais tempos de espera. Após longos meses de campanha eleitoral acesa, 7164 social-democratas madeirenses com direito a voto, vão escolher, finalmente, o senhor que se segue à frente dos destinos do PSD/­Madeira, depois de uma primeira volta – a 19 de dezembro – que colocou na final da disputa interna Miguel Albuquerque, o maior “inimigo” de Alberto João Jardim, e Manuel António Correia, o homem escolhido pelo líder que durou 40 anos.

Apesar dos ataques de Jardim ao ex-­presidente da Câmara do Funchal, sobretudo nas páginas do Jornal da Madeira (órgão detido pelo governo regional que ainda este mês injetou 2,6 milhões de euros), certo é que Albuquerque consegue distanciar­-se logo à partida do ainda secretário regional do Ambiente, obtendo 47,2% dos votos expressos contra 28, 7% de Manuel António Correia. Pelo caminho ficaram os restantes 4 candidatos (João Cunha e Silva, 15,7%; Sérgio Marques, 5,3%; Miguel Sousa, 2,3% e Jaime Ramos, 0,7%).

Nesta segunda volta – (as urnas abrem às 16 horas e encerram às 21 horas) ­ Albuquerque vai contar com a ajuda dos apoiantes de Sérgio Marques, que manifestou o seu apoio pessoal a Albuquerque, e com os votos de apoiantes de João Cunha e Silva que deu liberdade aos militantes para escolherem o futuro líder. Esta noite o champanhe, os brindes de felicidade, há­-de jorrar numa das sedes de campanha, como se o final de 2014 fosse antecipado para o vencedor.

Provavelmente, os fogos-de-artifício vão estalar e tudo leva a crer que será Albuquerque a lançá­-los, assinalando a vitória e o adeus ao jardinismo 40 anos depois da sua criação. A concretizar-­se este cenário (sem dúvida, o mais previsível), Jardim levará consigo a mágoa de entregar o partido ao homem por quem nutre um “ódio pessoal” e que, pela primeira vez, teve a ousadia de disputar contra ele as eleições internas de há dois anos. Algo que nunca tinha acontecido desde 1974. Jardim “fez tudo” para “denegrir a imagem de Albuquerque e acabou desta forma sendo o melhor ‘diretor de marketing’ da recente campanha de Miguel.

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Jardim não percebeu o estado a que chegou o partido e achava que controlava, ainda, o partido”, avançou ao Observador um dos homens que, apesar de não dar a cara, apoia o ex-­presidente do município do Funchal depois de ter apoiado Sérgio Marques na primeira volta. O embate entre Jardim e Albuquerque acontece a 2 novembro de 2012 Jardim ganha o partido por 142 votos, uma diferença escassa (51% e 48,6%) num universo de 3200 votantes. Atualmente, este universo mais que duplicou.

Na altura falou­-se logo em “chapelada”. Uma suspeita que voltou, agora, a ser usada na campanha eleitoral pelo candidato Miguel de Sousa, deputado e vice-presidente do parlamento da Madeira, ao ponto de Jardim em novembro passado ter solicitado ao conselho de jurisdição do partido na região que efetuasse um inquérito às acusações.

Recorde-­se que aquando do congresso da vitória de Jardim em 2012 os nomes de elementos da candidatura de Albuquerque foram vetados e não puderam participar no congresso regional do partido. Nem sequer como observadores ou convidados, uma vez que não o podiam fazer como delegados. Os estatutos do PSD/Madeira não espelham a democracia interna porque foram desenhados à medida de um único homem, ou seja, não se aplica o método de Hondt razão por que Miguel Albuquerque, apesar do resultado, ficou sem representação nos órgãos do partido.

As contas das diretas de 2012 — a última reeleição de Jardim

Alberto João Jardim foi reconduzido na liderança do PSD­-Madeira com 1.786 votos dos 3.473 votantes derrotando o seu adversário Miguel Albuquerque por 142 votos, nas diretas de 2 de novembro de 2012. Segundo os dados oficiais deste ato eleitoral do PSD­-Madeira, o partido tinha na altura 3.859 eleitores na região e 3.473 podiam exercer o seu direito de voto nestas eleições, nas quais Jardim teve de disputar pela primeira vez a liderança com Miguel Albuquerque, então presidente da câmara do Funchal.

Nestas eleições, Jardim obteve 1.786 votos (51 por cento) e Albuquerque 1.644 (48,6%), o que representou uma diferença de 142 votos. No apuramento dos votos foram ainda contabilizados 24 votos brancos e 19 nulos. Apesar da derrota, Miguel Albuquerque considerou que estas eleições foram um “momento histórico para o PSD­-M e para a Madeira”, sustentando que estava “quebrado o falso unanimismo que desde há uns anos estava a estagnar a prática do partido no seu pensamento, na sua postura, nas suas ações políticas”.

As contas da primeira volta das diretas de 2014. Sem Jardim, seis candidatos avançaram para a liderança. A decisão foi prorrogada para segunda volta.

João Cunha e Silva entregou a candidatura subscrita por 1500 assinaturas (mas teve 996 votos); Miguel de Sousa apresentou 1240 assinaturas (ficou-­se pelos 144 votos); Manuel António garantiu 1549 assinantes (obteve 1819 votos); Sérgio Marques ficou­-se pelas 205 assinaturas (obteve 335 votos); Miguel Albuquerque limitou­-se às 640 assinaturas (teve 2.992 votos); Jaime Ramos entregou cerca de 200 assinaturas (totalizou 47 votos).

Isto significa que militantes que viabilizaram três candidaturas acabaram por escolher candidatos diferentes nas urnas, baralhando as expetativas. Assim, no ato eleitoral realizado a 19 de dezembro, Miguel Albuquerque foi o candidato mais votado com 47,2%, seguido de Manuel António Correia com 28,7%. Os restantes candidatos obtiveram as seguintes votações: João Cunha e Silva, 15,7%; Sérgio Marques, 5,3%; Miguel Sousa, 2,3% e Jaime Ramos, 0,7%.

Nesta primeira volta das diretas registou-­se uma afluência de 89% dos militantes com capacidade eletiva, já que votaram 6.373 dos 7.164 constantes dos cadernos eleitorais. Foram registados ainda 40 brancos e 24 nulos. Por concelho Miguel Albuquerque ganhou em 10 dos 11 municípios da Madeira, tendo sido Manuel António Correia o mais votado no concelho da Ponta do Sol.