O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, criticou Angela Merkel pela “especulação irresponsável” quanto a uma saída da zona euro por parte da Grécia, em mais uma reação à notícia publicada este domingo pela revista Der Spiegel. O alemão, com ligações ao SPD, o partido que governa em coligação com a CDU de Merkel, acrescenta que “o debate sobre a ‘Grexit’ [vocábulo que se refere à saída da Grécia da zona euro] não está a ajudar em nada“.
Em comentários ao jornal Die Welt, Martin Schulz não poupou as críticas: “Deve ser claro para toda a gente: não há qualquer questão de uma saída do euro. Os comentários não solicitados que dão ao povo grego a ideia de que não lhes cabe a eles decidir sobre o seu futuro, mas sim a Berlim ou a Bruxelas, podem fazer com que o eleitorado penda ainda mais para o lado das forças [políticas] radicais“.
A revista Der Spiegel dizia no domingo, citando três fontes próximas do Executivo liderado por Angela Merkel, que “o Governo alemão considera que a saída [da Grécia] da zona euro é quase inevitável se o líder da oposição, Alexis Tsipras, vier a liderar o Governo após a eleição, abandonando a disciplina orçamental e não pagando as dívidas do país”. Horas depois da publicação, o porta-voz do Governo veio reagir à notícia dizendo que “a Grécia cumpriu as suas obrigações no passado. O Governo assume que a Grécia vai continuar a cumprir os seus compromissos contratuais” com os seus credores.
A imprensa alemã tem, desde o início da semana, dado conta da tensão gerada por esta notícia do Der Spiegel e da reação do Governo alemão, numa altura em que já arrancou na Grécia a campanha eleitoral para as eleições de 25 de janeiro e o Syriza, o partido da Coligação de Esquerda Radical, continua a liderar as sondagens. Sigmar Gabriel, vice-chanceler alemão e líder do segundo partido da coligação liderada por Angela Merkel, recusou no início da semana a ideia de que o Governo está disposto a deixar a Grécia sair da zona euro. “O objetivo de todo o Governo federal, da União Europeia e do próprio Governo de Atenas é manter a Grécia na zona euro. Não há nem nunca houve quaisquer planos alternativos”, garantiu Sigmar Gabriel, em entrevista ao Hannover Allgemeine Zeitung.