Os Estados Unidos confirmaram esta quinta-feira que a redução dos trabalhadores portugueses da base das Lajes, nos Açores, vai mesmo avançar. De acordo com o embaixador norte-americano em Lisboa, Robert Sherman, a redução será gradual mas vai abranger 500 militares: passando de 900 para 400 pessoas num processo que deverá ficar concluído ainda este ano. Os civis e militares norte-americanos residentes nas Lajes vão passar de 650 para apenas 165.

A decisão do Departamento de Defesa norte-americano surge três dias depois de o ministro português dos Negócios Estrangeiros ter deixado um aviso acerca das relações com os EUA. “Seria prejudicial para as nossas relações bilaterais que Portugal não tivesse um resultado positivo neste longo e complexo processo”, disse Rui Machete na intervenção que fez na segunda-feira no âmbito do seminário diplomático.

Na altura, Machete admitiu que a situação da Base das Lajes iria sofrer uma reviravolta, dizendo que não se “manterá exatamente como estava”, mas deixou claro que esperava que as negociações chegassem a bom porto e a “um resultado melhor” do que aquele que estava previsto e que era precisamente a redução em cerca de 500 militares e famílias.

A justificação norte-americana para a redução de efetivos não é nova: a poupança imediata e o alegado excesso de presença militar para a missão em questão. Segundo o embaixador Robert Sherman, a redução do contingente vai permitir ao Governo norte-americano uma poupança anual de 35 milhões de dólares (29,6 milhões de euros).

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A redução da presença americana nos Açores faz parte de um plano de encerramento de 15 bases militares na Europa, noticia esta quinta-feira a agência de notícias Reuters. A maior redução será no Reino Unido, com a retirada de cerca de 2 mil militares, mas também serão encerradas várias bases na Alemanha. No total, o Pentágono estima que o projeto de redução militar na Europa resulte numa poupança direta de 500 milhões de dólares por ano.

Sabendo que o plano resulta em perdas de inúmeros postos de trabalho nos países de origem, o secretário de Defesa norte-americano, Chuck Hagel, afirmou à Reuters que mesmo assim se trata de uma medida necessária para “ajudar a maximizar as nossas capacidades militares para podermos dar um melhor apoio aos nossos parceiros e aliados da NATO”.

A confirmação da retirada surge pouco depois de uma indicação em sentido contrário dada pelo próprio presidente dos Estados Unidos. Barack Obama tinha assinado, em dezembro, o orçamento das Forças Armadas para 2015, onde excluia a redução da estrutura militar na Base das Lajes, Açores, pelo menos até divulgação de um novo relatório. A decisão foi, na altura, bem recebida pelo governo regional dos Açores.