A al-Qaeda no Iémen reivindicou o atentado contra o Charlie Hebdo através de um vídeo publicado esta quarta-feira no Dailymotion. No vídeo, com a duração de quase 12 minutos, surge Nasr al-Ansi, um alto comando da organização terrorista, confirmando que o atentado contra o jornal satírico foi uma “vingança pelo profeta” e prometeu mais “tragédias e terror”.
A mensagem começa com uma música árabe, com uma mensagem inscrita com palavras do Alcorão, seguindo-se depois uma nota de voz de Bin Laden que contesta a tal liberdade de expressão exigida por todos aqueles saíram às ruas de Paris, no domingo passado. “Se não há controlo na liberdade das vossas palavras, então abram os vossos corações para as nossas ações.” Antes da entrada em cena de Nasr al-Ansi, surge ainda um cartaz com as seguintes frases inscritas: “Vingança pelo mensageiro de Alá” e “mensagem sobre a batalha abençoada de Paris”.
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Depois de algumas palavras do Alcorão e de um poema árabe, Nasr al-Ansi começou então, aos três minutos, a tocar no atentado ao Charlie Hebdo, em Paris. Aos irmãos Kouachi chamou “heróis”, enquanto passavam imagens da sua atuação nas imediações do jornal — também houve menção a Amedy Coulibaly, o homem que matou quatro reféns num supermercado. “Através deles, Alá curou os peitos dos crentes e removeu a raiva dos seus corações. (…) Parabéns a vocês por estes dois homens valentes que fizeram explodir o pó da desgraça e acendeu a tocha na escuridão da derrota e agonia”, afirmou.
“Quanto à batalha abençoada de Paris: reivindicamos a responsabilidade por esta operação como uma vingança pelo nosso mensageiro de Alá. Clarificamos que quem escolheu os alvos, traçou o plano, financiou a operação e escolheu os autores foi o líder da organização”, disse Nasr al-Ansi.
“Vejam como eles se juntam, se reúnem e apoiam uns aos outros… reforçando a sua fraqueza e como saram as suas feridas”, disse al-Ansi, enquanto apareciam imagens da marcha de domingo na capital gaulesa, onde estiveram mais de um milhão de pessoas e 40 líderes mundiais. “Essas feridas não sararam nem sararão, seja em Paris, Nova Iorque ou Washington”, avisou, enquanto surgiam imagens dos ataques ao World Trade Center, de 11 de setembro, quando mencionou os Estados Unidos. Ao leque de alvos juntou Londres e Espanha.
“Olhem atentamente para eles reunidos”, dizia enquanto apareciam nas imagens Benjamin Netanyahu (primeiro-ministro israelita), Boubacar Keita (presidente do Mali), François Hollande (presidente francês) e Mahmoud Abbas (presidente da Autoridade Palestiniana). “São os mesmos que nos combateram no Afeganistão, Cáucaso, Gaza, Levante, Iraque, Somália e Iémen. A França partilha os crimes da América. É a França que cometeu crimes no Mali e no Magrebe Islâmico. É a França que apoia a aniquilação de muçulmanos na África Central em nome da limpeza racial”, afirmou.
Depois chegou um aviso: “Parem com os vossos insultos ao profeta e santidades. Parem de derramar o nosso sangue. Deixem as nossas terras. Deixem de saquear os nossos recursos. Caso contrário, por Alá, não esperem de nós outra coisa que não seja tragédia e terror”.