As mulheres britânicas que viajaram para a Síria para se alistarem no Estado Islâmico estão a ser usadas para incentivarem ataques terroristas no Reino Unido. E estão a servir-se do ataque ao Charlie Hebdo como bandeira.

Os dados do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização (International Centre for the Study of Radicalisation) da universidade britânica King’s College London foram obtidos após uma “intensa monitorização” das contas de redes sociais das britânicas que estão no norte da Síria. E mostram que anteriores retratos destas mulheres como passivas – viajam para se casarem com jihadistas e dar à luz longe da linha de combate – podem estar a mudar rapidamente.

O alvo destas mulheres são outras mulheres e, quando não querem deixar para trás a família, para irem combater para a Síria pelo Estado Islâmico, o objetivo é levá-las a replicar o que aconteceu na semana passada em Paris. De acordo com o The Observer, associado ao jornal The Guardian, que teve acesso aos dados, foram identificadas 30 mulheres. No seu discurso, elogiam os atos dos irmãos Kouachi, que mataram 12 pessoas no ataque ao jornal Charlie Hebdo, e apelam a atos violentos como a decapitação de ocidentais.

Melanie Smith, investigadora associada do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização, é responsável pelo primeiro banco de dados de combatentes estrangeiras. A mais nova das 70 mulheres referenciadas tem 15 anos e é francesa. “Acho que ninguém está a falar sobre o regresso destas mulheres como um risco. Podem não ter o mesmo treino militar, mas é possível ver online mulheres frustadas por não poderem combater e que sugerem entre si começarem a fazer outra coisa. Historicamente, as mulheres têm sido usadas em atentados suicidas e operações singulares.

O primeiro-ministro David Cameron, que esteve em Washington durante dois dias, foi convidado do programa “Face the Nation”, do canal CBS. Com exibição marcada para hoje, o Guardian adianta que Cameron admitiu que o Reino Unido está “sob severa ameaça”, acrescentando que um ataque é “altamente provável”. Os novos dados vão colocar as mulheres sob maior escrutínio.

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