Os Verdes e a Esquerda Unitária (GUE) querem uma comissão de inquérito ao caso Lux Leaks, uma investigação que mostrou como é que o Luxemburgo facilitava a evasão fiscal de grandes empresas em países terceiros, mas as maiores forças políticas do Parlamento Europeu (PE) chumbaram este pedido. Em vez disto, foi decidido estabelecer uma comissão especial – que ainda terá de ser votada em plenário por todos os eurodeputados -, que devido à sua especificidade não poderá aceder a documentos nacionais, considerados vitais para esta investigação e para o apuramento das responsabilidades das autoridades do Luxemburgo.
A comissão especial foi apresentada pelo grupo dos Socialistas e Democratas – integrada pelo PS português – e os Verdes e a Esquerda Unitária consideram que esta decisão é “política”, já que os dois grupos conseguiram reunir mais do que as 188 assinaturas necessárias para pedir uma comissão de inquérito. Uma iniciativa também promovida pela eurodeputada do GUE, Marisa Matias. Apesar de admitirem que a comissão especial não é uma “má solução”, a esquerda do PE considera que se tratou de uma decisão “política” para frustrar os grupos minoritários.
O pedido de comissão de inquérito foi chumbado pelo presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, apoiado num parecer desfavorável dos serviços legais da organização, negando assim o seguimento do processo que deveria culminar na votação em plenário desta comissão. “A comissão de inquérito tem uma visibilidade maior e na prática, pode aceder a documentos nacionais, algo que a comissão especial não pode fazer”, disse Philippe Lamberts, líder do grupo dos Verdes no Parlamento Europeu.
Gabriele Zimmer, líder da Esquerda Unitária, disse que a decisão foi política e que nunca esteve em causa encontrar “a melhor solução e sim quem vai ficar bem na fotografia”. “Foi uma desilusão”, declarou em conferência de imprensa conjunta com os Verdes depois da conferência de presidentes que aconteceu esta quinta-feira em Bruxelas.
Para além dos socialistas apoiaram ainda a comissão especial o grupo do Partido Popular Europeu (PPE) e os Liberais. Segundo o Observador apurou e de acordo com relatos em alguns jornais, os eurodeputados de grupos políticos como o PPE estariam a ser pressionados para retirar as suas assinaturas deste pedido de comissão de inquérito devido à exposição de Jean-Claude Junker, primeiro-ministro do Luxemburgo durante quase 19 anos e atual presidente da Comissão Europeia. Juncker terá mesmo ameaçado demitir-se caso os eurodeputados do PPE apoiassem esta comissão. O Observador tentou contactar um dos eurodeputados alemães que terá assinado e retirado a sua assinatura, sem até agora ter obtido qualquer resposta.