Já houve partes de peças de teatro escritas por William Shakespeare, escritor e dramaturgo inglês, que foram cortadas ou editadas por possuírem uma conotação anti-semita. Pelo menos aos olhos de Mark Rylance, antigo diretor artístico do Globe Theatre, em Londres, que admitiu ter “sentido pressão” para cortar “coisas escritas” pelo autor “que eram muito anti-semitas”.

O também ator, de 55 anos, confessou esta quarta-feira já ter editado ou excluído de peças de Shakespeare “algumas coisas muito infelizes e anti-semitas ditas” pelas personagens. “Aí tive que tomar uma decisão: incluía-la ou não”, resumiu Rylance, citado pelo Daily Telegraph, durante a conferência de imprensa que apresentou uma cópia do “Primeiro Fólio”, que reúne toda a obra do autor e que foi descoberta em novembro, numa biblioteca em França.

Mark Rylance, que liderou durante uma década o teatro londrino, entre 1995 e 2005, frisou, porém, que “o facto de uma personagem dizer uma coisa”, tal não representa, necessariamente, “o que o autor acredita” ou pensa. “Mas desde o Holocausto que este tipo de frases tem maior ressonância em relação à que tinha na época”. William Shakespeare nasceu em 1564 e faleceu em 1616.

O inglês disse ainda que teve de editar várias pecas escritas pelo dramaturgo, autor de obras como “A Tragédia de Romeu e Julieta” ou “Hamlet”, por “serem demasiado longas ou aborrecidas”. Algo, indicou, que “já se fazia na altura” na altura. Rylance acrescentou também que “nunca” sentiu “pressão de retirar as piadas obscenas” presentes em várias peças de William Shakespeare.

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