Num relatório hoje publicado, com base em notícias pesquisadas na internet de ocorrências em 2014, a associação indica que no ano passado morreram nove pessoas e 39 ficaram feridas, 11 delas em estado grave, devido a 89 acidentes com origem comprovadamente elétrica. Devido a eles 67 pessoas ficaram desalojadas.

O estudo junta ainda dados sobre incêndios de causas desconhecidas mas com suspeita de serem de origem elétrica e contabiliza neste caso mais 21 mortos, 23 feridos graves e 94 ligeiros. Tudo devido a 220 casos registados, dos quais resultaram ainda 246 desalojados.

A CERTIEL, que tem como missão garantir a implementação das regras de segurança e da permanente adequação à legislação em vigor, considera que uma forma de baixar o número de acidentes e de vítimas seria “a introdução de uma validação periódica ao estado das instalações”.

Pedro Caroço, diretor-técnico da associação, alerta na apresentação do estudo que em Portugal “o conceito de segurança elétrica não está enraizado”, sendo necessário “consciencializar a opinião pública e os utilizadores em geral” para uma situação que todos os anos “tem consequências humanas e materiais significativas”.

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O trabalho precisa que mais de metade (54 por cento) dos acidentes com origem elétrica aconteceu em habitações e que 28 por cento ocorreu em estabelecimentos abertos ao público, escolas e hospitais incluídos.

Já os incêndios aconteceram essencialmente em habitações (70 por cento), seguindo-se os em edifícios industriais e em muito menor percentagem (8,6) em estabelecimentos abertos ao público.

A CERTIEL afirma que na maior parte dos casos a origem destes incêndios é o curto-circuito, a utilização incorreta de equipamentos, falhas de isolamento e a sobrecarga da instalação elétrica.

Quanto aos acidentes de origem comprovadamente elétrica o relatório indica que foi no norte do país que se deram mais casos (38), seguindo-se a região de Lisboa e Vale do Tejo (20 casos) e a zona centro com 12 casos. O maior número de acidentes ocorreu durante a tarde mas já os incêndios ocorreram principalmente durante a madrugada.

O relatório é feito desde 2011 e tenta “aproximar-se o mais possível da realidade” mas Pedro Caroço admite que peque por defeito porque “muitos dos acidentes relacionados com eletricidade não são noticiados como tendo origem elétrica, quando a origem ainda não foi apurada”.

No documento a associação começa por afirmar que em Portugal “falta um tratamento estatístico oficial de incidentes com origem nas instalações de utilização de energia elétrica, ao contrário do que se passa com outro tipo de ocorrências como sejam as relativas a acidentes rodoviários, piscinas e praias”, entre outras.

E diz que não sendo uma análise científica nem “estatisticamente relevante” o trabalho pretende acima de tudo “consciencializar a opinião pública para uma situação que existe” e que é “com frequência descurada”.