João Gouveia não vai ser julgado no caso que terminou com a morte de seis estudantes da Universidade Lusófona a 15 de dezembro de 2013 na praia do Meco. A decisão do juiz de instrução do Tribunal de Setúbal, que aceitou a tese de acidente, foi conhecida esta tarde, avança a SIC Notícias. O advogado das famílias das vítimas já fez saber que vai recorrer para o tribunal da Relação. 

“Eram todos adultos, estavam lá porque queriam”, resumiu o juiz na leitura da decisão, admitindo que houve uma situação de praxe mas que não havia forma de imputar o crime ao sobrevivente.

À saída do Tribunal de Setúbal, o advogado das famílias das vítimas, Vítor Parente Ribeiro, não se mostrou “surpreendido” pela decisão e garantiu que iria recorrer. “A luta vai continuar até onde a lei nos permitir”, disse aos jornalistas, sublinhando que ainda acredita que o caso vá a julgamento e que “a verdade seja apurada”.

“Vi nesta decisão uma cópia do que já tinha lido em julho, a posição tem sido sempre a mesma desde o início do processo, por isso, nesse sentido, nada nos surpreendeu. Mas vamos continuar a luta e espero conseguir mostrar no tribunal da Relação aquilo que está no processo”, disse, sublinhando que acredita que haja “fortes indícios de que houve crime” e “elementos fortes para pelo menos levar o caso a julgamento”.

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As próprias famílias das vítimas já fizeram saber que não vão “desistir nunca”, enquanto restarem dúvidas sobre o que se passou na fatídica noite. Aos jornalistas, à porta do Tribunal de Setúbal, a mãe de um dos jovens que perderam a vida defendeu que ainda há muita coisa por explicar, nomeadamente os “interesses que a chamada COPA (comissão de praxe) serve” e quais são as “motivações” que os jovens têm para pertencer àquela organização.

E acrescentou que “há por aí muitos jovens amedrontados e ameaçados” que não contam o que sabem por medo.

Segundo a mesma mãe, nada do que se passou naquela noite “tinha sido combinado entre eles”. “A única pessoa que sabia o que se ia passar era este dux“, disse, acrescentando que os restantes jovens só tinham combinado as questões logísticas do fim de semana, nomeadamente as “questões relacionadas com a comida e as compras para a casa”. “O resto não, eles não sabiam o que iam fazer”, garantiu.