“A luta continua”. O slogan poderia ser o lema de alunos, pais e professores da Escola de Música do Conservatório Nacional (EMCN). Às 20h00 desta terça-feira, todos juntos, iniciaram uma vigília de 12 horas, que só termina às 8h00 da manhã de quarta-feira.

As portas da escola, que fica na Rua dos Caetanos, em Lisboa, estão abertas pela noite fora a todos os que a quiserem visitar. À entrada, há algumas velas acesas nos parapeitos das janelas. Na primeira sala, onde param todos os que ali chegam, há fotografias coladas nos pilares que mostram a degradação de janelas, cadeiras e teto dos espaços do conservatório.

“Este é um encontro com os verdadeiros proprietários desta escola. Se isto é uma escola pública, devemos abri-la à população que está sensível a esta questão”, explica Bruno Cochat, professor. Este é mais um passo para chegarem à meta que pretendem: serem recebidos pelo ministro da Educação e conseguirem o compromisso de que as obras de urgência vão ser efetivamente realizadas.

Às 21h30 reuniram-se 400 pessoas no Salão Nobre para discutir ideias e traçar objetivos — encontro que durou mais de uma hora. Seguir-se-ão atuações de alunos, ex-alunos e professores. Quando o ritmo abrandar, já lá estão os sacos-cama e os colchões de muitos alunos para dormitarem até às 8h.

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Os alunos do Conservatório levaram os sacos-cama para a vigília, que começou às 20h e dura até às 8h.

A solidariedade com os músicos do conservatório está a ultrapassar fronteiras. “Não estamos sozinhos. Há pessoas que nos estão a enviar mails de Moçambique ou de Paris. Um professor do conservatório de Bordéus também já nos enviou um e-mail“, exemplifica Bruno.

A próxima iniciativa está marcada para quinta-feira. Os professores vão dar uma aula aos alunos em pleno Largo Camões, para chamar a atenção do público mas também por necessidade. Bruno Cochat lembra os factos: “nós temos dez salas fechadas. Se não temos sítio para dar aulas, temos de as dar na rua”.

No cenário mais drástico, ponderam ainda mover um processo judicial contra o Ministério da Educação. Bruno conta que esta semana vão reunir com advogados “para perceber se é uma ideia exequível” ou não. “E porque não? Os nossos direitos estão a ser tirados”.

Vão ser ainda criadas duas petições online: “uma portuguesa e outra internacional” pela reabilitação do conservatório. Bruno propõe que os alunos vão tocar à porta de várias embaixadas, “desde a Alemanha à Grécia”. Muitas ideias, muitas atividades, até conseguirem que o Conservatório ganhe uma nova vida.