Pedro Passos Coelho poderia ter feito muitas coisas aos 2.880,26 euros que não descontou para a Segurança Social entre outubro de 1999 e setembro de 2004. A poupança resultante da dívida acumulada nos cinco anos (mas que foi, entretanto, liquidada, apesar de prescrita) poderia ter sido logo gasta ou poderia ter sido usada para aumentar a poupança. Descubra como estaria agora o primeiro-ministro se tivesse investido.
Opção 1: Gastar
Não teria sido a melhor ideia. Ao não descontar para a Segurança Social, Pedro Passos Coelho estaria a pôr em risco a sua pensão de aposentação. Por isso, embora gastar no imediato os 2.880,26 euros pudesse gerar alguma satisfação, adiar o gasto para o futuro teria sido mais seguro.
Opção 2: Depósitos a prazo
Era (e ainda é) a solução mais popular para as poupanças dos portugueses. Se tivesse um perfil de aforrador conservador, o primeiro-ministro poderia ter aplicado sucessivamente o dinheiro em depósitos a prazo a seis meses, por exemplo. Às taxas médias praticadas pela banca portuguesa junto dos particulares, os 2.880,26 euros transformar-se-iam hoje em 3.455,34 euros, assumindo a atual taxa de retenção sobre os juros. Interessante, mas, mesmo assim, fraco.
Opção 3: Certificados de Aforro
Para os conservadores, em setembro de 2004 havia uma aplicação mais interessante do que os depósitos a prazo: os Certificados de Aforro. A aquisição de 1.155 unidades da Série B nesse mês valeria hoje 3.717,12 euros. A rentabilidade anual gerada pela aplicação em Certificados de Aforro seria de 2,48%, bem melhor do que a taxa líquida média de 1,76% dos depósitos a prazo.
Opção 4: Plano de poupança-reforma
Em 2004, os benefícios fiscais dos planos de poupança-reforma (PPR) atraíam muitos portugueses para esta aplicação. Se Pedro Passos Coelho aplicasse os 2.880,26 euros num PPR em 2004, poderia deduzir até 698,48 euros no IRS desse ano, até ao limite de 5,25% do rendimento global englobado.
Apesar de a dedução ser generosa, o rendimento fornecido pelos PPR não foi o melhor. O BPI Reforma Segura PPR/E, que, na altura, era o maior fundo de poupança-reforma, teria convertido a poupança de setembro de 2004 em 3.169,59 euros hoje. O ganho deste fundo (0,92% por ano) foi inferior ao aumento dos preços desde então, usando o Índice de Preços no Consumidor como referência.
Opção 5: Fundo de investimento conservador
O primeiro-ministro poderia ter elegido o fundo Santander Multiobrigações para aplicar o seu dinheiro. Em setembro de 2004, era o maior fundo português com mais de 2.200 milhões de euros e cerca de 100 mil investidores. É um fundo que investe em obrigações de taxa indexada, normalmente menos arriscadas do que as de taxa fixa.
Entre as sete opções analisadas neste artigo, esta teria sido a pior: Pedro Passos Coelho teria perdido 0,52% da sua poupança.
Opções 6: Bolsa portuguesa
Se fosse investir na bolsa, Passos Coelho provavelmente apostaria nas ações nacionais. Embora em setembro de 2004 não fossem compiladas estatísticas sobre o peso da bolsa portuguesa nas ordens bolsistas, o destino favorito era claramente o mercado lisboeta. (As primeiras estatísticas publicadas indicaram que 69% das ordens recebidas entre janeiro e julho de 2005 foram efetuadas na bolsa de Lisboa.)
A não ser que tivesse acertado nas melhores ações (em particular, na Jerónimo Martins, que rendeu 664,34% desde setembro de 2004), o primeiro-ministro teria acumulado cerca de 3.297,41 euros. Este valor reflete o desempenho do PSI-20, o principal índice de ações portuguesas, incluindo o reinvestimento dos dividendos distribuídos pelas firmas. Tal como o PPR, teria sido um crescimento inferior ao aumento dos preços em Portugal.
Opção 7: Bolsas mundiais
Uma estratégia mais racional seria investir numa carteira diversificada de ações mundiais. Se o fizesse, o seu ganho teria sido próximo de 8,45% por ano, que foi o desempenho do índice MSCI World, incluindo o reinvestimento dos dividendos. Os 2.880,26 euros valeriam hoje 6.710,16 euros.
Se a poupança fosse dirigida para a sua aposentação, então Passos Coelho poderia deixar o dinheiro investido durante mais de 15 anos. Se mantivesse o nível de ganhos perto dos 8,45% por ano, chegaria aos 66 anos, a idade tradicional de aposentação, com 23.393,51 euros. Seria o melhor destino para a sua poupança de 2.880,26 euros em setembro de 2004.
É possível investir na composição do índice MSCI World através de fundos cotados na bolsa, como o iShares Core MSCI World, listado nas bolsas de Amesterdão, Frankfurt, Milão, Londres e Zurique.