Professores contratados manifestaram-se este sábado, 14 de março, junto do Ministério da Educação, em Lisboa, contra o sistema de vinculação conhecido por “norma travão”, o qual querem “deitar abaixo” já a partir da próxima semana.

Os professores, explicou à Lusa uma das presentes na iniciativa, vão apresentar uma ação judicial conjunta e admitem recorrer mesmo a instâncias judiciais europeias. Em causa estão, disse a professora Alice Maurício, milhares de professores — alguns com mais de 20 anos de carreira, seguidos e completos — que se veem agora ultrapassados na vinculação ao Estado por outros que têm cinco anos de serviço.

A 27 de fevereiro, o Ministério da Educação anunciou que iria vincular, aos Quadros de Zona Pedagógica, 1.453 professores ao abrigo da aplicação, pela primeira vez, da chamada “norma travão”: a entrada para os quadros dos professores que tenham a partir de cinco contratos sucessivos, anuais e completos, no mesmo grupo de recrutamento.

A “norma”, no entanto, não abrange outros professores que têm até mais anos de serviço, mas em grupos de recrutamento diferentes, sendo uma “injustiça” que levou a protestos nos últimos tempos, à manifestação deste sábado e ao anúncio, pelo Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC), da entrega, na próxima semana, no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Coimbra, de uma providência cautelar para suspender o concurso de vinculação dos tais 1.453 professores.

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“Há professores com 24 anos de serviço que, por dois dias, não vão ficar vinculados”, disse Alice Maurício, acrescentando que há milhares de professores em situação idêntica e que os sindicatos pouco têm feito para ajudar a resolver o problema.

Alice Maurício disse ter 14 anos de serviço, completos e anuais, mas tem três graduações e concorreu a vários grupos, o que é permitido pelo Ministério. “Eu vou ficar prejudicada porque tenho três grupos. Que culpa têm os professores de poder concorrer a dois ou três grupos?”, questionou. Acrescentou que, se Portugal respeitasse as normas europeias, já estaria nos quadros desde 2005.

Para já, diz, ela e outros professores vão continuar a lutar contra a situação e para revogar a “norma travão” – não que estejam contra os professores abrangidos, mas pela injustiça que essa norma causa.