O Estado português emitiu 1.250 milhões de euros em dívida de curto prazo – a seis e a doze meses –, com os títulos emitidos à taxa implícita mais baixa de sempre: menos de 0,1%. Analistas explicam que, apesar de o BCE não estar a comprar bilhetes do Tesouro (dívida de curto prazo), o facto de estar no mercado a comprar dívida de longo prazo está a comprimir as taxas em todas as maturidades da dívida portuguesa, das mais curtas às mais longas.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) emitiu 950 milhões de euros em dívida a 12 meses, a uma taxa de 0,094%, e 300 milhões de euros a seis meses, a um preço que pressupõe uma rendibilidade média ponderada de 0,047%. O total correspondeu ao montante máximo que o IGCP previa emitir esta quarta-feira, sendo que a procura superou em quase duas vezes o montante colocado no prazo mais longo.

Para comparação, em maio do ano passado o Estado português pagava taxas superiores a 0,6% para se financiar a 12 meses.

“Estes mínimos são, essencialmente, consequência do plano de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE), que embora não compre bilhetes do Tesouro, as taxas da dívida de curto prazo seguem as taxas das obrigações do Tesouro”, explica Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa. “Aliás, por toda a Europa se vê este movimento de compressão nas taxas da dívida, nalguns casos, já em níveis negativos”, acrescenta o especialista, pelo que “nesta conjuntura, faz todo o sentido o IGCP aproveitar para emitir e baixar o custo médio da dívida portuguesa”.

Steven Santos, da corretora XTB Portugal, acrescenta que, “até agora, o plano de compras do BCE tem ajudado a execução da estratégia definida pelo IGCP, nomeadamente a redução do custo médio da dívida e o reembolso antecipado ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

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