Pelo menos 19 pessoas morreram na sequência de um ataque ao Museu do Bardo, em Tunes, na Tunísia, esta quarta-feira. Entre as vítimas mortais encontram-se 17 turistas estrangeiros e dois tunisinos – um polícia e um militar. A este número – que foi revisto em baixa, durante a noite, pelo primeiro-ministro, Habib Essid – juntam-se dois dos atacantes, que também foram abatidos a tiro pela polícia ao início da tarde. Assim, ao todo, há já 21 mortos registados no âmbito do ataque em Tunes e, pelo menos, 42 feridos, segundo o jornal francês Le Monde.

Entre as vítimas mortais, de acordo com a BBC, contam-se dois tunisinos, cinco japoneses, quatro italianos, dois colombianos, dois espanhóis, um australiano, um francês, um polaco e outra vítima cuja nacionalidade ainda não foi identificada. Ao Observador, fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou não existir portugueses nem entre as vítimas mortais, nem entre os feridos.

Ao início da tarde de quarta-feira, a polícia abateu dois dos atacantes e libertou os reféns do museu. O primeiro-ministro disse ainda não haver certeza quanto ao número de terroristas envolvidos no ataque, mas revelou que os dois terroristas mortos “podem ter sido ajudados por mais dois ou três operacionais” e que, por isso mesmo, está em curso uma operação para encontrar e deter eventuais cúmplices.

Várias testemunhas no local apontaram para três homens armados com metralhadoras Kalashnikov, vestidos com uniformes militares e testemunharam que os três homens saíram de uma mesquita próxima do museu e do parlamento, disparando primeiro sobre um autocarro de turistas e depois, já com reféns, refugiaram-se junto ao museu, no qual acabaram por entrar. Segundo Mona Brahim, deputada tunisina, que assistiu a tudo, seriam quatro os atacantes no momento em que saíram da mesquita.

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Para já, o ataque não foi reivindicado, mas a chefe da diplomacia europeia, Frederica Mogherini, diz que a culpa é do Estado Islâmico. A Tunísia é um país de onde saíram pelo menos três mil pessoas para se alistar nas fileiras daquele grupo terrorista.

Segundo a BBC, os trabalhos parlamentares foram suspensos enquanto o cerco aos homens prossegue. No momento do tiroteio, os deputados discutiam alterações à lei anti-terrorismo. As autoridades ficaram em alerta quando viram que o armamento que os suspeitos levavam não era o regulamentar para pessoal militar. Ao serem abordados para se identificar, começou o tiroteio com a polícia, que os levou a esconderem-se no Museu.

O Museu do Bardo situa-se junto ao parlamento, bem no centro da capital da Tunísia, Tunes. O bairro ficou bloqueado, com um forte dispositivo policial à volta dos locais onde o ataque se deu.

O museu situa-se logo ao lado do parlamento

O Bardo é um espaço museológico de grande relevância na Tunísia, sendo mesmo um dos locais culturais mais procurados por turistas e tunisinos no país. Fundado no fim do século XIX, o museu alberga importantes coleções de peças antigas, incluindo um conjunto de mosaicos romanos único no mundo.

Ao início da tarde, o primeiro-ministro tunisino, Habid Essid, falou ao país, atualizando o número de vítimas mortais para dezanove (até aí pensava-se que eram nove), e mais de 30 feridos, e declarou que a Tunísia “está em perigo”. Nessa mesma conferência, um porta-voz do Ministério da Administração Interna do país detalhou que oito pessoas foram mortas quando estavam a sair do autocarro para visitarem o museu, outras dez foram feitas reféns e mais tarde abatidas e, segundo a televisão estatal, um guarda do museu ficou ferido e morreu mais tarde.

Entretanto, em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, transmitiu as condolências às famílias das vítimas mortais, “entre as quais vários nacionais da União Europeia”, e ao povo tunisino, e manifestou o apoio da União Europeia à Tunísia. A UE está “pronta a apoiar o governo da Tunísia nas suas ações contra o extremismo violento”. Uma mensagem que transmitiu também via Twitter.

Também o Museu Bardo já reagiu ao ataque na sua página do Twitter, lançando “vivas” à vida, ao museu, à cultura, à arte e ao turismo:

Manifestação em Tunes

Horas depois do ataque no Museu Bardo, o povo tunisino começou a sair à rua, manifestando-se contra o terrorismo e há já milhares de pessoas em protesto e a prestar homenagem às pessoas que hoje morreram na sequência do atentado, como mostram algumas fotografias que vão sendo publicadas no Twitter por jornalistas.