Militantes do grupo Boko Haram mataram 11 pessoas num ataque a Gamboru, no nordeste da Nigéria, após terem morto dezenas de mulheres na cidade vizinha de Bama, relataram hoje diversas testemunhas, citadas pela Agência France-Presse (AFP).

As tropas chadianas haviam sido creditadas, em fevereiro, pela libertação de Gamboru, no estado de Borno, do controlo do Boko Haram, mas a retirada do Chade, na semana passada, parece ter deixado a cidade exposta.

A recente onda de violência pôs em evidência os desafios que a Nigéria enfrenta a poucos dias das eleições gerais de 28 de março.

De acordo com a AFP, apesar das alegadas grandes vitórias sobre os rebeldes islâmicos, graças a uma ofensiva conjunta das forças armadas do Chade, dos Camarões e do Níger, a ameaça que o Boko Haram representa continua a ser séria.

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Os radicais do grupo Boko Haram já provaram ser resilientes e persistem dúvidas sobre se a ofensiva regional será capaz de pôr fim à violência.

Residentes em Fotokol, uma cidade nos Camarões mas ligada a Gamboru, disse que o ataque rebelde começou na quarta-feira, havendo indicações de que o grupo Boko Haram tencionava ocupar novamente aquela cidade, onde não foram vistas forças nigerianas e que estará sem segurança desde a saída das tropas do Chade.

O ataque a Gamboru teve lugar após relatos de atrocidades, também atribuídas ao Boko Haram, numa cidade vizinha, Bama, onde dezenas de mulheres nigerianas que haviam sido forçadas a casar com combatentes do grupo islamita terão sido mortas pelos seus “maridos” antes de um confronto para o controlo da cidade.

Relatos recolhidos pela AFP revelam que o massacre de mulheres começou 10 dias antes da Bama, cidade tomada pelos insurgentes em setembro e que os militares anunciaram na segunda-feira ter recuperado, ter sido libertada.

As mortes tiveram lugar porque os militantes do Boko Haram, que fugiram para a cidade vizinha de Gwoza antes da chegada das tropas, decidiram que as suas “mulheres” não ficariam vivas para serem desposadas por infiéis.

O conflito com o Boko Haram já provocou mais de 13.000 mortos desde 2009, e a resposta da Nigéria à violência vinha sendo amplamente criticada, surgindo então a decisão de uma coligação militar da Nigéria com o Níger, o Chade e os Camarões. Esta fez as suas conquistas no mês passado, mas elas de pouco valerão se os islamitas se conseguirem reagrupar e recuperar as cidades libertadas.