Os investidores que fizeram aplicações em papel comercial emitido por empresas do Grupo Espírito Santo (GES) e colocado aos balcões do Banco Espírito Santo (BES) poderão vir a perder mais de metade do capital, de acordo com o Jornal de Negócios, que cita os contornos da solução que está a ser negociada entre o Banco de Portugal e o Novo Banco. A publicação revela que, no cenário mais favorável para os subscritores de instrumentos de dívida emitidos pela Espírito Santo International (ESI) e pela Rioforte, que se encontram em processo de insolvência no Luxemburgo, a recuperação do dinheiro investido deverá rondar 40%.
Carlos Costa, governador do banco central que nesta terça-feira prestará, novamente, declarações perante a comissão parlamentar ao BES, poderá anunciar a solução durante a inquirição dos deputados, depois de intensas negociações entre a instituição que ficou com os ativos saudáveis do BES e o Banco de Portugal. O polémico tema foi objeto de um “pingue-pongue” entre a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), cujo presidente, Carlos Tavares, também estará pela segunda vez no Parlamento a 24 de março. A CMVM defende que o Novo Banco deve ressarcir os investidores, enquanto o banco central tem considerado que a reparação dos investidores não qualificados deve caber ao “banco mau”.
A possibilidade que está a ser ponderada é a de transformar o papel comercial de unidades do GES em títulos obrigacionistas do Novo Banco remunerados a uma taxa de juro de 5% durante dez anos, informa o Negócios, mas com uma perda de 60% a 70% do capital aplicado pelos investidores não qualificados, isto é, não profissionais. Nesta solução, os subscritores teriam de fazer uma aplicação adicional no banco agora liderado por Eduardo Stock da Cunha.
Há 2.500 investidores afetados pela colocação de dívida do GES através das agências do BES. No final do primeiro semestre de 2014, estavam por reembolsar 550 milhões de euros relativos àqueles subscritores, o que representava cerca de 31% do total de clientes que fizeram aplicações em papel comercial da ESI e Rioforte.