Quando os astrónomos do século XVII assistiram a uma explosão fenomenal no céu europeu desvalorizaram o acontecimento: parecia ser uma simples ‘Nova’, isto é, uma detonação estelar um pouco menos catastrófica do que aquelas de onde resulta o nascimento de uma supernova.

Mas os cientistas do nosso século chegaram com — novas — notícias: afinal, a história revelava algo mais violento e dizia respeito a uma “explosão de transitória vermelha”, produzida quando duas estrelas colidem devastadoramente. O fenómeno recebeu o nome ” CK Vulpeculae” e foi divulgado pelos astrónomos à Nature, segundo a National Geographic.

As transitórias vermelhas são um tipo raro de remanescentes estelares que são compostos por químicos criados durante a colisão dos dois corpos celestes. Tomas Kaminski, do Observatório da Europa do Sul, diz que esta colisão parece ter sido especialmente violenta, podendo as estrelas terem embatido frontalmente.

A resposta estava mesmo por cima das nossas cabeças

Em 1670, os astrónomos não julgaram estar perante este fenómeno. Viram uma estrela a aparecer no céu no mês de junho, junto à constelação de Cisne. A estrela desapareceu no outono, mas voltou no verão seguinte com uma luz ainda maior. Os astrónomos ficaram atentos até a estrela ter desvanecido de novo, em outubro. Em 1672 voltou a iluminar o céu noturno, tendo depois desaparecido para sempre.

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Durante mais de três séculos, ninguém teve respostas. E portanto partiu-se do princípio que se tratava de uma nova clássica e antiga. Na zona do céu onde a estrela apareceu continuaram a seguir pistas sobre o fenómeno, mas eram demasiado ténues para serem investigadas na altura. Só que em 1980, Michael Shara, do Museu Americano da História Natural, viu uma desvanecida nébula com forma de haltere.

Em 2014, Tomasz Kaminski apontou três telescópios ao CK Vulpeculae e descobriu que o corpo celeste continha informação química muito específica, nomeadamente grandes quantidades de nitrogénio pesado. Encontrou moléculas carregadas eletricamente que não costumam ser encontradas nos restos das explosões de novas. E todos estes dados conduziram à conclusão que se tratava de uma transitória vermelha.

Para Michael Shara, as buscas não acabam aqui: “O estudo da Nature tem bons fundamentos sobre uma fusão, mas não são definitivos”. É que perante a colisão das duas estrelas, estas podem unir-se, algo que ainda não foi totalmente entendido pelos cientistas.