Carlos Santos Silva é de Coimbra, empresário, ex-administrador do Grupo Lena e amigo de infância de José Sócrates. Carlos Santos Silva é de Lisboa, bancário de profissão e ex-vereador da Câmara da Amadora. Nunca se cruzaram. O primeiro é coarguido no processo Operação Marquês e tem dominado as primeiras páginas dos jornais, acusado de ser o testa de ferro do ex-primeiro-ministro socialista que está preso em Évora. O segundo é menos conhecido, embora ocupe um importante cargo público: é deputado na Assembleia da República desde 2011 eleito pelo PSD.

E nos corredores da Assembleia já ouviu algumas brincadeiras e piadas sobre a coincidência do seu nome: “Então o que é que andaste a fazer afinal?”, “Afinal a culpa é tua!”, ouvia, volta e meia, entre amigos e colegas de bancada. Mal-entendidos desagradáveis, esses, garante que nunca houve, mas o seu nome já lhe valeu uma mensagem enviada para o destinatário errado, conta ao Observador.

No Parlamento, integra as comissões de Orçamento e Finanças e a do Ambiente. E foi um dos deputados responsáveis pela proposta de redução das comissões bancárias, discutida e aprovada há poucos dias em plenário.

Nasceu Carlos Manuel dos Santos Silva e toda a vida se conheceu por Carlos Silva. Ou Carlos Santos Silva. Na escola, entre os amigos, na universidade, e mais tarde no meio profissional e político, muito particularmente na câmara municipal da Amadora. Mas depois veio o casamento e com ele mais um nome para acrescentar ao bilhete de identidade: Batista, o apelido da mulher. “É muito amor”, diz entre risos, a contar por que ficou com o nome da esposa depois da troca das alianças.

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Passou então a chamar-se Carlos Manuel dos Santos Batista da Silva. E quando chegou à Assembleia da República, há quatro anos, os serviços da Assembleia puseram-lhe o nome de Carlos Batista da Silva na base de dados e no site do Parlamento. Mas o deputado não se “reconheceu naquele nome” e pediu para mudar. Carlos Santos Silva, pois então.

O que nos leva a outra situação. Lembra-se de Artur Batista da Silva, o burlão da ONU? Aquele que chegou a dar várias entrevistas à comunicação social onde se apresentava como coordenador de um suposto Observatório Económico e Social criado no âmbito de um programa das Nações Unidas e que depois se veio a saber que era tudo falso? Pois, há nomes traiçoeiros. E este não fica por aqui.

Nos corredores de São Bento e no decorrer dos trabalhos parlamentares, todos tratam o social-democrata por Carlos Silva. O que, só por si, também não ajuda. É que desde há dois anos que outro Carlos Silva foi eleito para substituir João Proença na direção da UGT. Não este Carlos Silva, o outro, do PS.

A coincidência causou-lhe mesmo uma ou outra situação de mal-entendidos. Ao Observador, o deputado dá como exemplo o dia em que recebeu uma mensagem de telemóvel que, à partida, não seria para si. Era mesmo para o Carlos Silva, líder da UGT, e foi parar às mãos erradas. Vá lá que o conteúdo não era confidencial.