O livro Sobre Orpheu e o Sensacionismo, uma antologia de textos teóricos e críticos de Fernando Pessoa, numa edição de Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, chega esta segunda-feira às livrarias.

Na introdução, Cabral Martins e Richard Zenith afirmam que os escritores Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, com a revista Orpheu, editada pela primeira vez há 100 anos, “procuravam surpreender, agitar mentalidades”. Para Cabral Martins e Zenith, “Pessoa e Sá-Carneiro eram os verdadeiros dirigentes da revista”.

No caso do poeta da Mensagem, que assinou alguns artigos em nome próprio e também com o heterónimo Álvaro de Campos, a revista “estava intimamente ligada ao Sensacionismo”.

“Fernando Pessoa e Sá-Carneiro procuravam surpreender, agitar as mentalidades, questionar os valores estéticos consagrados e escandalizar o bom senso, e não há dúvida que Orpheu representou um momento de rutura e viragem na história da literatura e cultura portuguesas”, afirmam os investigadores da obra de Pessoa.

Segundo os editores, “a revista e o impulso que ela consubstanciou, todavia, tinham significados distintos para os vários participantes” e, no caso de Pessoa, era o “Sensacionismo”.

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“Pessoa – escrevem – associa estreitamente o Sensacionismo a Álvaro de Campos (cujo lema é ‘Sentir tudo de todas as maneiras’)” e “concebe o Sensacionismo como uma vasta corrente, uma ‘Grande Síntese’ de movimentos anteriores e contemporâneos, e vê, ou acaba por ver, Orpheu como o seu veículo privilegiado”.

O poeta, no segundo semestre de 1916, “terá gizado um plano em que designa Orpheu como o ‘Órgão do Movimento Sensacionista’ e, na mesma altura, redigiu um prefácio para uma antologia, em inglês, dedicada aos sensacionistas portugueses, todos ‘órficos'”.

O Sensacionismo promovido por Pessoa, segundo os autores, “caracteriza-se por uma atitude cosmopolita de grande abertura ‘ao novo, ao antigo, ao nativo, ao estrangeiro’ e por um contínuo esforço de renovação, por uma vontade de levar tudo mais longe”.

Em comunicado, a Assírio & Alvim, que chancela a obra, afirma que esta antologia de textos “põe em relevo os princípios do Sensacionismo e os seus nexos com Orpheu, no cerne da sua obra e da sua relação com o Modernismo português”.