O fundador da Frente Nacional francesa, Jean-Marie Le Pen, deve comparecer perante o partido para se submeter a um “processo disciplinar”, anunciou a sua filha e atual líder da formação de extrema-direita, Marine Le Pen. Numa entrevista ao canal de televisão TF1, Marine Le Pen, pediu ao pai que tenha “a sabedoria de parar com as suas atividades políticas” e confessou-se “naturalmente” triste, quer enquanto filha, quer enquanto militante.

Marine Le Pen garantiu que recusa as permanentes polémicas desencadeadas pelo seu pai, “que causam dano à Frente Nacional”, a mais recente das quais tem na sua origem as declarações de Jean-Marie Le Pen a uma revista, a defender o marechal Pétain, líder da França colaboracionista com os nazis.

Além disso, na semana passada, reiterou declarações, pelas quais chegou a ser condenado pela justiça francesa, de que as câmaras de gás dos campos de concentração nazis são “um pormenor” da II Guerra Mundial.

A líder da FN também se irá opor, no próximo dia 17, numa reunião do comité político, a que o pai seja candidato como cabeça-de-lista do partido às eleições a realizar no final do ano na região de Provença, no sul do país. Marine Le Pen explicou que este processo disciplinar vai ter início agora, apesar de as explosões do seu pai ocorrerem há algum tempo, devido ao “fenómeno de repetição”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Há um grande tédio e incompreensão por parte de militantes e eleitores, que não compreendem porque é que o fundador, pelo qual têm grande afeto, está determinado a enfraquecer a FN com declarações que vão contra a linha do partido”, afirmou. O comité executivo da formação de direita é composto por nove pessoas, incluindo o fundador e a presidente, embora não se saiba quando se vão reunir para o processo disciplinar.

Jean-Marie Le Pen tem-se defendido nos últimos dias, alegando que se deve proteger a “liberdade de expressão” dentro do seu partido, e lançando farpas à filha, que quem se distanciou politicamente após esta lhe suceder na liderança partidária, em 2011.

“A rutura política com Jean-Marie Le Pen é total e definitiva”, escreveu, a propósito desta tensão, Florian Philippot, vice-presidente da FN na sua conta no Twitter. Outro vice-presidente da FN e companheiro de Marine Le Pen, Louis Aliot, considerou, por seu turno, que “os desacordos políticos” com Jean-Marie Le Pen “são irreconciliáveis”. Sob a liderança de Marine Le Pen, a FN foi o partido mais votado nas eleições europeias de 2014 e obteve um quarto dos votos nas eleições locais de março de 2015.