O smartphone é um brinquedo. No mesmo equipamento reúne uma boa câmara fotográfica, programas de edição de fotografia e redes sociais onde é possível partilhar com o mundo, instantaneamente, qualquer imagem. Porém, grande parte dos utilizadores do Instagram, a aplicação de fotografia mais utilizada, não sabe o que fazer com tanta oferta tecnológica. Por isso mesmo — e para poupar o mundo de más imagens com cores estapafúrdias — é que é bom existirem workshops como este. Chama-se “Olhares de Arquitetura” e dedica os seus esforços, como o próprio nome indica, a uma pequena parte da fotografia de Instagram: a arquitetura. Acontece no Roca Lisboa Gallery, na Praça dos Restauradores, na segunda-feira, dia 13, entre as 18h00 e as 20h00 e é grátis, ou seja, para participar só tem de se inscrever aqui.

O programa é simples: começa com uma parte teórica, onde se aborda as características da rede social e a edição de imagem, passa para a necessária sessão de perguntas e a seguir, a parte que interessa, os inscritos irão fotografar o interior e o exterior da galeria com os especialistas a espreitar por cima do ombro para orientar os alunos. Depois de bem trabalhadas, as imagens serão publicadas com os hashtags da marca.

Para orientar o workshop a Roca convidou Nicanor Garcia, utilizador acérrimo da rede social, com mais de 724 mil seguidores na carteira. Nicanor é espanhol, arquiteto e fotógrafo, características que o tornam uma pessoa extremamente ocupada e, infelizmente, sem tempo para responder às perguntas do Observador. No entanto, é fácil perceber pela sua galeria de Instagram que viaja muito (não faltam edifícios de tirar a respiração representados nas suas publicações) e que deve passar por situações, episódios e posições muito cómicas para conseguir fazer algumas das fotografias que por lá se visionam.

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Não é a primeira vez que Nicanor abre as portas da sua sabedoria fotográfica para ensinar truques e dicas de Instagram. Este workshop já aconteceu antes, na Roca Barcelona Gallery e, por isso, a marca decidiu convidá-lo a repetir a proeza na galeria/loja de Lisboa, mas desta vez acompanhado por dois instagramers portugueses: Ana Gil e José Miguel.

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E quem são eles?

José Miguel, conhecido no Instagram como @voodoolx, tem 42 anos, é designer e vive em Lisboa. Sempre fotografou, sobretudo em analógico, mas abandonou a prática com o tempo. Quando se deparou com um smartphone na mão, uma câmara de bolso, portátil e de manuseamento fácil, ficou fascinado com as potencialidades deste tipo de fotografia: “O facto de o mesmo aparelho que se usa para fotografar servir também para editar on-the-fly e colocar online, dá outra dimensão ao envolvimento com a fotografia, o que me fascinou — a ideia de mobile photography.”

José conheceu Nicanor em Lisboa, há mais de um ano, num encontro internacional de instagramers, e considera que ele “tem uma perspetiva única sobre os espaços urbanos e é irrepreensível a editar”. Tanto um como outro privilegiam a arquitetura nos alvos que escolhem. As fachadas, por exemplo, são uma obsessão para os dois autores.

Dentro dessa paixão por edifícios, José criou, sem querer, uma série de fotografias de Instagram chamada #the_multiverse_diaries. Consiste em imagens de arquitetura editadas com uma técnica de dupla exposição. “Mero experimentalismo cujo feedback foi tão engraçado que acabou por me motivar a aprimorar a técnica e a publicar regularmente.” Os seguidores começaram a enviar-lhe fotos para que ele as editasse.

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Conseguimos arrancar-lhe uma das dicas que vai sugerir no workshop: “A minha principal recomendação é fotografar com a câmara nativa, sem adicionar filtros ou efeitos. Tudo isso (e muito mais) pode ser editado depois. Já houve ocasiões em que me arrependi de não o ter feito e há fotografias que não dá para repetir.”

Já Ana Gil, ou melhor, ana_gil_, é mais simples e menos experimentalista no que toca à manipulação da imagem. A designer de 35 anos usa mais a edição de cor para marcar uma identidade. Porém, houve uma grande evolução desde que estreou a conta, há dois anos, e agora. Em 2013, o mosaico da galeria era dominado por blocos de cor, como se pode ver na fotogaleria em baixo. Ana apostava na alta saturação, uma das ferramentas de edição, o que, na opinião da autora, “criava grande ruído visual na galeria”. Com o tempo foi baixando a saturação e a temperatura de cor, outra das ferramentas, e as imagens tornaram-se claras, com predomínio de cinzentos, azuis e imagens a preto e branco.

Outro denominador comum nas imagens de Ana Gil é o minimalismo. “Ser designer está fortemente associado à minha tendência minimalista. Sou bastante perfeccionista e observadora. É um querer, bastante instintivo, de tudo ‘certinho e direitinho’ e clean.” Esta tendência levou-a à administração da conta @rsa_minimal onde diariamente são publicadas fotografias de utilizadores da rede social, sempre a respeitar o minimalismo.

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Ana não deu nenhuma dica, “só no workshop”, brincou. Falou-nos, porém, da importância das aplicações para a edição de fotografia. Apesar do Instagram dispor de filtros — um sacrilégio para quem se dedica a fazer boa fotografia nesta rede social — e ferramentas de edição, grande parte destes instagramers famosos, que já se tornaram uns verdadeiros artistas desta era, recorre a outras aplicações: VSCOcam, para edição de imagem e, mais recentemente, Layout, para montagem, são apenas dois exemplos.

A Roca Lisboa Gallery fica na Praça dos Restauradores, 20, em Lisboa. O workshop é gratuito e acontece segunda-feira, dia 13 de abril, entre as 18h00 e as 20h00. A inscrição pode ser feita aqui.