A ilha de São Jorge quer uma colocação “mais estável” dos médicos, maior previsão na deslocação de outros especialistas e mudanças nos subsídios e incentivos aos produtores de leite e de queijo. Estas são algumas das questões que o Conselho de Ilha de São Jorge levará na segunda-feira a uma reunião com o Governo Regional dos Açores, que se realiza nas Velas, no âmbito do primeiro dia da visita do executivo à ilha.

No memorando para preparar a reunião enviado ao Governo açoriano, a que a agência Lusa teve hoje acesso, o Conselho de Ilha de São Jorge pede “uma colocação mais estável de médicos”, por períodos “mais alargados”.

“A estabilização do quadro de médicos nesta ilha é urgente e necessária para que os mesmos se habituem à realidade da ilha e ganhem a confiança necessária dos seus utentes”, dizem os conselheiros, que consideram, por outro lado, “essencial”, que o Governo Regional “calendarize a deslocação de especialistas por períodos de um ano”, pedindo que o executivo “defina /regule, anualmente, o número de vindas de especialistas e a sua periodicidade”. Ainda no campo da saúde, os conselheiros pretendem saber quando avançará a construção do heliporto, “cujo terreno já foi adquirido”.

Outra preocupação de São Jorge tem a ver com a queda do preço do leite produzido na ilha, apesar de ter sido “recentemente considerado o melhor da Europa”, pedindo ao Governo Regional que “coopere de forma a possibilitar um aumento do preço” pago ao produtor. “O preço do leite em São Jorge é manifestamente inferior ao praticado em outras ilhas e é produzido em condições bastante mais exigentes”, diz o Conselho de Ilha, considerando que deve haver uma “discriminação positiva” e que “o nível de exigência na produção não é equitativo com os incentivos prestados”.

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Quanto ao queijo de São Jorge, os conselheiros pensam que é “o candidato ideal ao subsídio de ‘stocagem’, pela sua excelência e altos custos de produção”, devendo “ter prioridade, senão mesmo exclusividade, a este subsídio, por ser um produto de uma zona demarcada”.

Os conselheiros vão pedir também ao Governo açoriano para fazer um ponto de situação de diversas obras já anunciadas para a ilha, como a nova escola da Calheta, e para revelar que projetos serão desenvolvidos para valorizar as fajãs de São Jorge, que os Açores candidataram à classificação de reservas da biosfera da Unesco (a agência das Nações Unidas para a educação e cultura).

A situação da indústria conserveira, da escola profissional, dos transportes aéreos e das ligações marítimas serão também abordados na reunião de segunda-feira, que deverá ainda debater propostas para combater a desertificação das zonas mais rurais de São Jorge. Os conselhos de ilha integram autoridades políticas locais e representantes dos sindicatos e associações empresariais de cada uma das ilhas dos Açores.

O estatuto político-administrativo dos Açores estabelece que o executivo regional tem de visitar uma vez por ano todas as nove ilhas do arquipélago, convocar o Conselho do Governo e reunir-se com o Conselho de Ilha durante a estadia.

Na visita estatutária deste ano a São Jorge, de segunda a quarta-feira, o Governo dos Açores vai também, como habitualmente, reunir-se com entidades locais, visitar obras e projetos, anunciar algumas iniciativas e receber a população, na terça-feira, a partir das 18h00, na escola da Calheta.

Durante estes dias, o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, vai assistir a uma consulta por telemedicina (a primeira em dermatologia) e inaugurar um centro de dia pra idosos e um sistema de abastecimento de água a explorações agrícolas.