O Fundo Monetário Internacional (FMI) respondeu fora de horas à comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES. Nas respostas diz que não teve conhecimento dos problemas graves do Banco Espírito Santo, nem tinha de ter uma vez que não tem no seu mandato as responsabilidades de supervisão e regulação. Na carta, diz no entanto que a decisão do Banco de Portugal de avançar com a resolução e dividir o BES em dois foi a opção “apropriada”.

Nas respostas aos deputados, que chegaram esta quinta-feira aos deputados da comissão de inquérito, os responsáveis do FMI na troika que monitorizou o programa de assistência financeira, Poul Thomsen, primeiro, Abebe Selassie e Subir Lall, depois, escrevem que a resolução do BES “foi a ação apropriada” uma vez que assegurou “a estabilidade financeira”.

Ainda nas respostas, o FMI diz que não podia agir mais no BES uma vez que não tinha “mandato nem o acesso a informação requerida para agir” como regulador ou supervisor. Além disso, acrescentam os responsáveis, “é preciso ter em conta que em momento algum durante o programa, o BES pediu apoio” ao fundo de resgate da banca”.

Os responsáveis do fundo lembram que o banco optou por uma recapitalização privada e que isso “foi visto pelos mercados como um fator de distinção”, em relação a outras instituições como o BPI e o BCP que tiveram de recorrer ao fundo da troika de 12 mil milhões de euros.

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O programa, sublinham, dava prioridade ao uso de fontes privados de financiamento por parte dos bancos para cumprirem os rácios de capital, cujo nível foi elevado na sequência do programa de ajustamento. Os responsáveis do fundo lembram ainda as medidas adotadas pelo Banco de Portugal para assegurar a estabilidade do sistema financeiro, como o programa de inspeções à qualidade dos ativos dos bancos.

Foi na sequência deste exercício, que avaliou a solidez financeira dos maiores clientes de crédito da banca, que foi detetada a falsificação das contas da Espírito Santo Internacional (ESI) em 2013. E o que teria acontecido se o colapso do BES tivesse ocorrido em 2013? Os homens do FMI não respondem a perguntas hipotéticas. 

A resposta chegou com atraso à comissão de inquérito e depois de o relatório ter sido aprovado. Por isso já não vai poder ser usada pelos deputados.