O social-democrata Rui Rio afirmou na sexta-feira que a quantidade de políticos sem qualidade em Portugal “é cada vez maior”, mas voltou a não abrir o livro sobre a sua eventual candidatura à Presidência da República.
Em Famalicão, durante a apresentação da sua biografia, e questionado sobre a possibilidade de se candidatar a Belém, Rui Rio fugiu sempre à questão das presidenciais, dizendo apenas que “há muitas formas” de fazer combate político.
“Já fiz este combate como deputado, como presidente de câmara e posso fazê-lo como um cidadão normal, como os outros. Há muitas formas de o fazer”, referiu.
No entanto, na sua intervenção, sublinhou a escassez de qualidade na classe política portuguesa atual.
“Continua a haver muita gente de qualidade na política, mas a quantidade dos que não têm qualidade é cada vez maior. Os de fraca qualidade são cada vez mais e os de qualidade são cada vez menos”, afirmou.
Para Rui Rio, é preciso perceber que, ao longo dos 41 anos de democracia, os partidos se “desgastaram” e que, como tal, precisam de se “revitalizar”.
“A capacidade para resolver os problemas do país é hoje muito menor do que há 20 ou 30 anos”, referiu.
Sublinhou que, atualmente, assuntos como a liberdade, a democracia, a justiça social, a igualdade de oportunidades e a tolerância “começam a preocupar outra vez”.
Como exemplo atual da sua preocupação com o funcionamento do regime, apontou o caso da greve dos pilotos da TAP, com uma “escassíssima minoria de portugueses – uma parte dos pilotos” a impor-se ao país.
“Uma minoria impor-se a uma maioria, compreendo e aceito numa ditadura. Em democracia, respeita-se as minorias, mas quando elas chocam com as maiorias, tem de prevalecer o interesse coletivo”, disse ainda.
Rio criticou ainda aquilo que classificou com a “notória invasão” da política na justiça e da justiça na política.
“Há demasiada justiça na política e demasiada política na justiça”, rematou.