1. Por listas

As listas de livros estão em todos os cantos da internet e esta é uma maneira de as tornar palpáveis: uma prateleira para os melhores livros de todos os tempos, outra para os livros a ler antes dos 30, os melhores livros humorísticos, os melhores livros de viagens — com a consciência de que não há listas perfeitas nem acabadas. Não pode faltar um espaço para a sua bucket list — os livros que tem de ler antes de morrer — mas também para os livros que não quer ler ou voltar a ler: guarde um espaço para os piores romances, os livros que leu e teve vontade de rasgar, e para aqueles que recebeu no Natal e que, apesar de ter agradecido com simpatia, sabe que nunca vai sequer folhear. Junte estes últimos fora do nível dos olhos e longe de todos os outros para que não conspurquem nada.

2. Por cores, como se tivesse um arco-íris nas prateleiras

Agora alguma bricolage (ou quase): ordenar os livros por cores de maneira a criar um determinado padrão ou um degradê que imite, por exemplo, o espectro solar. A ideia circula na internet, em blogues de decoração e fóruns de leitores e basta usar a hashtag #rainbowbookshelf para se perceber exatamente do que se está a falar. Se tem boa memória visual, esta pode ser mesmo a melhor maneira de ir buscar rapidamente “aquele livro de que nunca me lembro o nome mas que tem a capa toda em fúcsia”. Veja como fez esta youTuber.

3. Por autores que não se podem nem ver

Uma boa mnemónica para saber sempre onde está Júlio Dantas pode ser arrumá-lo ao lado de Almada Negreiros. A literatura é um lugar de polémicas, de amores e ódios, e pode ser um consolo para a alma saber que há um sítio no mundo onde Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez ou José María Arguedas e Julio Cortázar estão juntos e sem fazer barulho. Não dá para arrumar toda a biblioteca com base em contendas, mas pode pontuar, aqui e ali, as suas prateleiras com estes julgados da paz.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

4. Por livros para ler quando …

Uma hipótese popular nos blogues e canais dedicados a livros é a organização dos títulos segundo a forma como se reagiu a eles: livros com que chorámos, livros com que rimos, livros que despertaram memórias de infância. Em teoria, com esta arrumação vai ser fácil encontrar um livro para o seu estado de espírito ou para recomendar a alguém que esteja a precisar de se divertir ou de pensar na vida, por exemplo. Dentro desta lógica, para os dias em que não sabe o que quer, há uma maneira de ser surpreendido pela sua própria estante: arrume alguns livros com a lombada para dentro e tire à sorte — a roleta russa que não faz mal à saúde.

5. Por livros para manter conversações

Aqui a inspiração é uma cena do filme Uma Mulher é uma Mulher, de Jean-Luc Godard (no vídeo em baixo), em que os títulos dos livros podem ajudar a manter uma conversa silenciosa. No filme, Anna Karina e Jean-Claude Brialy precisam de tapar palavras e de acrescentar outras às capas. Não é um jogo fácil, mas fica com estantes de que se vai poder gabar quando convidar os amigos para uma soirée. A ideia é que os títulos na prateleira respondam uns aos outros, o que pode resultar num exercício surrealista. Aqui fica um rápido exemplo: Quem Tem medo de Virginia Woolf? (Edward Albee): O Misantropo (Moliére). Que Farei Eu com Este Livro? (José Saramago): Angústia para o Jantar (Luís de Sttau Monteiro). E se Tivesse a Bondade de me Dizer Porquê? (Clara Pinto Correia e Mário de Carvalho): Para Acabar de Vez com a Cultura (Woody Allen).