Foi um acordar sobressaltado. A polémica do SMS da demissão de Paulo Portas em 2013, que muitos pensaram já estar enterrada, voltou a surpreender o CDS, desta vez, por causa de novas declarações de Pedro Passos Coelho, em entrevista ao semanário Sol. “O que quer que lhe diga? Ficámos petrificados”, reagiu ao Observador um dirigente do CDS.

Na entrevista, ao ser questionado com a versão da demissão de Portas que consta na biografia autorizada de Passos, lançada na semana passada, diz que “a versão que o livro narra corresponde à verdade” – ou seja, Paulo Portas enviou uma mensagem de telemóvel a Passos, no verão de 2013, a avisar que se ia demitir. No livro, Passos declara em citação de discurso direito: “Fui almoçar e quando ia a caminho da comissão permanente, às 15h, recebi uma SMS do dr. Paulo Portas a dizer que tinha refletido muito e que se ia demitir”.

No dia em que o conteúdo do livro foi conhecido, o gabinete de Portas reagiu passado algumas horas, corrigindo a versão do SMS do primeiro-ministro e detalhando a sua versão dos acontecimentos: “O pedido de demissão do então ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros aconteceu na manhã de 2 de julho de 2013, e foi naturalmente formalizado por carta”. E questionada pelo Observador, a autora da biografia, Sofia Aureliano, declarou que não via razões para corrigir nenhuma parte do livro.

“Isto não dá para acreditar”, “o homem quer mesmo estragar isto” ou “é o seu estilo”, são alguns dos comentários de fontes centristas ouvidas pelo Observador. E que estilo é esse? “Persistente, de ideias fixas. Em algumas situações isso tem-se revelado uma grande qualidade…”.

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Há, porém, outra resposta na entrevista que o CDS gostou mais. Quando Passos diz, a propósito da polémica do SMS que se instalou, que conversou com Portas. “Trocámos impressões sobre a polémica e a necessidade de não deixar que o incidental se sobrepusesse ao fundamental. E estivemos os dois sintonizados em que o importante é focar a nossa intenção de nos submetermos às eleições em conjunto”, disse.

É neste ambiente que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas estão presentes no primeiro jantar-comício da coligação para as legislativas, em Guimarães. Os dois vão assinar de novo o acordo de coligação de dia 25 de abril, agora já ratificado pelos respetivos Conselhos Nacionais, em Guimarães. A escolha do dia e do local não é inocente: assinala-se agora um ano do fim do período de resgate, uma espécie de recuperação da independência nacional, conquistada em 1640, como Paulo Portas gosta de dizer. No jantar, na cidade-berço, são esperadas cerca de 1.500 pessoas.

Esta sexta-feira, em entrevista à Newsletter do CDS, Paulo Portas declarou, sobre o Governo de coligação: “O que nos juntou foi muito mais que uma necessidade, foi o querermos um Portugal livre de volta”.

“Esta é de facto a primeira coligação a terminar uma legislatura e prova que Portugal é governável em coligação. Prova que existe uma cultura de compromisso, Não raro é preferível e possível ter duas opiniões e chegar a um acordo que, por isso mesmo, é uma solução melhor”, defendeu.