Luís Gonzaga Costa, ex-presidente da distrital do CDS de Vila Real e candidato à câmara de Mondim de Basto pelo mesmo partido, é agora um dos nomes que figuram entre os candidatos às eleições primárias abertas do Livre/Tempo de Avançar, que escolherá os seus candidatos a deputados para as legislativas deste ano. A candidatura ainda não está fechada, uma vez que precisa do apoio de 12 subscritores, mas a comissão eleitoral das primárias, soube o Observador, vai reunir-se no sábado para ponderar se há argumentos suficientes para a excluir já nesta fase.
Gonzaga Costa foi candidato à Câmara Municipal de Mondim de Basto, distrito de Vila Real, pelo CDS, em 2005 e chegou a pertencer aos órgãos nacionais do CDS em 2000. Segundo o ex-dirigente socialista Ascenso Simões, que expôs o caso na sua página pessoal de Facebook, o episódio demonstra que “não há qualquer crivo” e que “tudo serve” na “esquerda que gosta de folclore”.
“O Livre já começou a divulgar as candidaturas aceites e que se vão apresentar a votação interna. Só que não há qualquer crivo, tudo serve. Podemos ver aqui a candidatura de um ex-presidente de uma distrital do CDS, ex-dirigente da Segurança Social escolhido pelo mesmo partido, ex-vereador de uma câmara eleito pelo mesmo CDS”, escreve o socialista. E acrescenta: “Temos, portanto, uma esquerda que é tão ampla que incluirá elementos do CDS com grande vida política. É a esquerda que gosta de folclore, desde que esse folclore permita colocar, no topo das listas, os amigos de Alex…”
O agora candidato do Livre, que concorre para integrar as listas do partido no circulo eleitoral de Vila Real, ainda não reuniu os 12 proponentes necessários para a candidatura ser formalmente validada pela comissão eleitoral. Só mediante esse requisito a candidatura fica formalizada. Depois disso, só chega a candidato do Livre/Tempo de Avançar quem vencer as primárias no seu círculo respetivo.
A comissão eleitoral das primárias já tomou conhecimento do caso e, segundo apurou o Observador, vai abordar o assunto na reunião de amanhã. Em causa está a ponderação entre o que diz o regulamento e o princípio de não discriminação de candidaturas. “A única coisa que o regulamento diz é que a candidatura pode ser excluída se o candidato tiver ocultado informação relevante”, explica ao Observador fonte da comissão eleitoral, acrescentando que a comissão vai analisar as informações dadas pelo candidato no ato de entrega da candidatura e deliberar se houve de facto omissão. Em todo o caso, acrescenta a mesma fonte, o princípio é o da não discriminação – nomeadamente em função de filiações partidárias anteriores.
Ao Observador, Rui Tavares, um dos principais rostos do Livre, confirmou que o regulamento das eleições prevê que os candidatos a candidatos tenham de fornecer informações sobre o seu percurso político anterior, cabendo depois à comissão eleitoral validar ou não as candidaturas. “Se forem fornecidas informações falsas ou omitidas informações, está no direito da comissão eleitoral agir em conformidade com isso e, se o entender, excluir a candidatura”, diz Rui Tavares, acrescentando que ainda decorre o processo de verificação e validação da documentação dos candidatos, pelo que a lista de nomes presente no site não é estanque.
O prazo para a entrega das candidaturas terminou esta quarta-feira, contabilizando-se um total de 410 inscrições de candidatos a candidatos a deputados. Entre os nomes mais sonantes estão Rui Tavares e Ana Drago, que vão estar a disputar o primeiro lugar do círculo eleitoral de Lisboa, assim como o filho do candidato presidencial Sampaio da Nóvoa, André Nóvoa, que se candidata pelo círculo Fora da Europa, ou o advogado Ricardo Sá Fernandes, que quer candidatar-se pelo Porto, ou ainda a atriz São José Lapa, por Setúbal.
Inicialmente, o limite para a entrega das candidaturas estava previsto para o dia 21 de maio, para os candidatos terem um mês de campanha (a eleição é a 21 de junho), mas acabou por ser adiado até ao dia 27, por nessa altura ainda não terem aparecido os 274 candidatos necessários para assegurar que a candidatura consegue ir a votos em todos os círculos eleitorais.