De todas as listas anuais dedicadas a elencar aqueles que, na opinião de uns ou de outros, são os melhores restaurantes do mundo, a The World’s 50 Best Restaurants, produzida pela revista britânica Restaurant, será a mais consensual. Ainda assim, não é unânime. Muito menos o foi este ano, graças não só à criação do movimento Occupy 50 Best mas também às críticas apontadas ao sistema de votação por vários chefs reconhecidos, que fizeram, em tempos, parte do painel de jurados, como o argentino Francis Mallmann ou o francês Joël Robuchon.
O New York Times fala num sistema que promove “escolhas arbitrárias, pouco credíveis e susceptíveis a corrupção”. E exemplifica: há governos (como o do Peru ou Singapura) que patrocinam o evento e investem na oferta de viagens e refeições a jornalistas, enquanto outros não o fazem. A organização do evento, garantem alguns chefs, tão pouco exige que se apresentem provas de que os jurados comeram, de facto, nos restaurantes em que votaram. E nem o facto de tudo ser escrutinado por uma consultora independente — a Deloitte, neste caso — parece afastar uma desconfiança crescente no meio.
Yo renuncie en agosto 2013 como jurado. I resigned in August 2013 as a jury.
Es muy feo lo que hacen y como. https://t.co/rx2xIY9GfW— francis mallmann (@Francisjmallman) May 30, 2015
Polémicas a parte, e uma semana depois de ter sido divulgada a lista com os restaurantes posicionados entre o 51º e o 100º lugar (com a inclusão dos portugueses Belcanto e Vila Joya, como o Observador noticiou), foram anunciados em Londres os 50 melhores do mundo. A distinção maior foi para o Celler de Can Roca, restaurante de Girona, nos arredores de Barcelona, liderado pelos irmãos Joan (que esteve na última edição do Peixe em Lisboa), Josep e Jordi Roca.
The moment the Roca bros became No.1 in the #Worlds50Best again @CanRocaCeller @jordirocasan pic.twitter.com/Et9Sgh9I3H
— The World's 50 Best (@TheWorlds50Best) June 1, 2015
O restaurante recuperou assim a distinção alcançada pela primeira vez em 2013 e perdida o ano passado para o dinamarquês Noma, que este ano desceu ao terceiro lugar. Na fotogaleria, em cima, pode ficar a saber quem ocupou os restantes lugares do top 10. Quem quiser avaliar da justiça da distinção deve, no entanto, levar em linha de conta que para conseguir uma reserva no Celler de Can Roca é preciso uma boa dose de sorte, paciência e rapidez: à meia-noite do primeiro dia de cada mês, o sistema de reservas online liberta as datas disponíveis nos onze meses seguintes. Não custa tentar, só custa jantar — o preço dos menus ronda os 150 e os 200€ por pessoa, sem vinhos.