Depois de tocarem no Primavera Sound em Barcelona, regressam a Portugal para apresentar o segundo álbum de originais. O disco “This Is All Yours” entrou diretamente para o primeiro lugar da tabela de álbuns do Reino Unido. A crítica surgiu dividida, quebrando a corrente de simpatia e elogio generalizado desde os primeiros trabalhos. “An Awesome Wave” marcou a estreia auspiciosa da banda de Leeds (Reino Unido). Lançado em 2012, vendeu mais de um milhão de cópias e ganhou o venerável Mercury Prize. Os alt-J actuam na abertura do NOS Alive, dia 9 de julho, no Passeio Marítimo de Algés.
O símbolo que identifica a banda é o sinal Delta (∆), a quarta letra do alfabeto grego que tem o valor numérico de “4”. É usado em linguagem científica para designar a “diferença” entre variáveis. O sinal resulta da combinação das teclas alt+J num teclado Apple (somente em algumas configurações; na portuguesa o símbolo ∆ obtém-se através de alt+D).
A banda começou por chamar-se Daljit Dhaliwal. É o nome de uma apresentadora de televisão e actriz, de origem indiana, actualmente a viver nos Estados Unidos. Deu lugar a Films, que tiveram de abandonar por causa dos The Films, norte-americanos da Carolina do Sul. O desespero na busca por uma designação original levou-os a arriscar sequências aleatórias com o teclado do computador. A descontracção e a energia positiva do grupo é também patente na designação escolhida para a sua própria empresa de representação: “Absolutely No Worries”.
Uma das surpresas do novo disco é a sample do tema “4X4” de Miley Cyrus, que é uma fã assumida dos alt-J. “I’m a female rebel” é o grito da ex-Hannah Montana que escutamos neste “Hunger of the Pine”, single de apresentação do álbum “This Is All Yours”:
A banda é formada por Joe Newman (voz e guitarra), Gus Unger-Hamilton (teclado e voz) e por Thom Green, (bateria e percussão). O baixista Gwil Sainsbury integrou a formação original mas abandonou o projecto em clima de separação amigável no início de 2014. São actualmente acompanhados nos espectáculos pelo guitarrista/baixista Cameron Knight.
Gus tem origens aristocráticas. O seu nome completo é Augustus Figaro Niso Unger-Hamilton. É descendente de um barão. Em criança tocou piano clássico e cantou no coro da escola primária onde também estudou um antigo rei anglo-saxónico (Edward, o Confessor). Thom Green teve a vida mais difícil até agora. Ele perdeu a maior parte da capacidade auditiva quando tinha apenas seis anos de idade. Sofre de síndrome de Alport, uma doença genética rara que provoca perda de audição e insuficiência renal progressivas. Os ouvidos de Thom apenas captam 20% do ambiente sonoro. Quando começaram a fazer digressões ele contactou a Widex, fabricante de aparelhos auditivos digitais. A empresa ofereceu-lhes um contrato de patrocínio que inclui os dispositivos personalizados para o baterista.
No currículo dos alt-J encontramos um tema para a banda sonora do filme “O Lado Bom da Vida” (Silver Linings Playbook) com Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Algumas canções (Something Good, Fitzpleasure, Tessellate, Breezeblocks) são usadas em spots televisivos, episódios de séries como “Weeds”, jogos e anúncios de telemóveis.
O quarteto assegurou a primeira parte nos espectaculos da digressão dos conterrâneos Wild Beasts, em abril de 2012. Já tocaram por todo o Reino Unido e na Irlanda e estiveram em digressão na América do Norte em outubro e novembro de 2014. Também já se exibiram na Austrália. São uma presença habitual em festivais de verão por toda a Europa.
Os alt-J conseguem uma combinação interessante de elementos aparentemente incompatíveis. Os instrumentos acústicos parecem namorar com os aparelhos de textura electrónica, produzindo uma sonoridade rock surpreendente e cativante. É uma banda que encaixa perfeitamente na categoria “primeiro estranha-se, depois entranha-se”, como escreveu Fernando Pessoa no famoso slogan para o anúncio de um refrigerante. Dia 9 de julho vamos poder vê-los ao vivo, no palco principal do NOS Alive. Os bilhetes para este dia já estão esgotados.
