O anunciado candidato presidencial Henrique Neto disse esta quinta-feira, em Coimbra, que o discurso do Presidente da República (PR) e do primeiro-ministro portugueses sobre a Grécia deveria ser diferente, até por razões patrióticas.
“Há pessoas que gostam de ser mandadas, de não terem opinião própria” e “até por razões patrióticas – se outras razões não houvesse – o discurso [sobre a Grécia] não poderia ser o que tem sido feito quer pelo PR, quer pelo primeiro-ministro”, afirmou Henrique Neto, questionado pela agência Lusa à margem de um encontro com dirigentes da APRe! (Aposentados, Pensionistas e Reformados).
“Portugal tem séculos de História, com pergaminhos, e não pode – ou não deve – enfileirar facilmente nas opiniões de circunstância”, sustentou Henrique Neto, referindo-se designadamente às posições que o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, tem assumido, como a necessidade de as regras da União Europeia (UE) serem respeitadas por todos os Estados-membros da União Europeia, incluindo a Grécia.
Pode acontecer que “daqui a seis meses ou um ano, tenham de se envergonhar daquilo que andam agora a dizer”, admitiu Henrique Neto. Sobre as negociações entre a Grécia e responsáveis da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI), o empresário e candidato presidencial espera que “a rutura seja evitada na 25.ª hora”.
“É hábito – triste hábito, mas é o hábito – da senhora [Angela] Merkel deixar tudo até ao último minuto para mostrar quem manda e que quem altera as circunstâncias é ela”, disse. Henrique Neto espera que “haja ainda um resto de bom senso, porque a alternativa [ao entendimento entre gregos e credores] não é boa para a Grécia, mas também não é boa para a Europa, nem para o mundo”.
“Se a Grécia sair do euro (ou da UE) ou se não for encontrado um acordo”, será evidente que “o sistema financeiro globalizado tem as condições para poder mandar no poder político – e não apenas no poder político grego, mas também europeu”, sublinhou.
A reunião do candidato com dirigentes da associação APRe!, durante a tarde de hoje, serviu “essencialmente para ouvir o que pensam as pessoas ligadas e este setor da sociedade”, disse Henrique Neto, adiantando que o encontro se integra na série de ações que tem vindo a promover com diversas entidades de diferentes áreas da sociedade portuguesa.
“Apesar de ter chegado a esta candidatura [à Presidência da República] com convicções fortes sobre aquilo que o país necessita e aquilo que há a fazer, é sempre necessário ouvir as pessoas” para “verificar se as nossas ideias estão alinhadas com a realidade”, na perspetiva dos “diferentes setores da sociedade”, sustentou.
“Os erros de governação” que desde há muito tempo têm vindo a ser cometidos provocaram “o endividamento excessivo” do país e criaram “desequilíbrios e desigualdades na sociedade portuguesa”, cujos principais penalizados são “o trabalho, as pessoas que ainda estão no ativo” e, depois, os reformados, disse ainda Henrique Neto, revelando que se tornou, hoje, associado da APRe!.