Urnas fechadas, votos contados: Rui Tavares e Ana Drago serão os cabeças de lista do Livre/Tempo de Avançar às legislativas deste ano, tendo ficado em primeiro e segundo lugar, respetivamente, no círculo de Lisboa. Os números dos que se deslocaram às urnas no fim de semana ficaram, no entanto, “aquém das expectativas”, admitiu o presidente da comissão eleitoral, Luís Moita: votaram 2.096 pessoas, bem menos do que as 7.850 que estavam inscritas para votar.

A culpa, segundo Luís Moita, pode ter sido do tempo “excessivamente quente” no último fim de semana, ou da própria “novidade” de todo o processo de primárias. Em todo o caso, estão oficialmente escolhidos os candidatos a candidatos e, depois do tempo de avançar, é agora “tempo de ganhar”, “de olhar para o país e de falar de política”, afirmaram Rui Tavares e Ana Drago depois de conhecidos os resultados.

No Porto, o cabeça de lista eleito é Daniel Mota, tendo o advogado Ricardo Sá Fernandes ficado como número três, atrás ainda da candidata Diana Barbosa. Em Setúbal, a médica e ativista Isabel do Carmo será a cabeça de lista e em Coimbra a primeira posição coube ao docente universitário José Reis. Em Lisboa, além de Rui Tavares e Ana Drago, que foram os dois mais votados, o economista José Maria Castro Caldas ficou com o terceiro lugar, enquanto o politólogo André Freire ficou em quinto, atrás da investigadora Filipa Vala.

De fora do top dos mais votados nos 22 círculos eleitorais, ficaram nomes como a atriz São José Lapa ou André Nóvoa, filho do candidato a presidente da República Sampaio da Nóvoa.

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Objetivo: derrotar PSD/CDS, criar “uma nova maioria” e…governar

Depois de a comissão eleitoral liderada por Luís Moita ter dado conta dos resultados da votação, entre aplausos entusiásticos da plateia ao anúncio de cada nome, foi a vez de Ana Drago e Rui Tavares usarem do microfone para agradecer e dizer ao que vêm. Uma coisa é certa, o Livre/Tempo de Avançar está “no terreno”, como disse o cabeça de lista por Lisboa, e depois de avançar, agora é “tempo de ganhar”. “É tempo de passar a mensagem a todos os portugueses, porque são eles que farão a mudança em outubro. Vamos!”, disse.

O objetivo da candidatura às legislativas é claro: “criar uma força de mudança na Assembleia da República e uma nova maioria para governar”, sublinhou Rui Tavares. De fora dessa maioria fica certamente a atual coligação no Governo, PSD e CDS, que são apontados como o alvo a abater.

“Creio que é altura de dizer com toda a clareza o que significa a construção desta candidatura cidadã: nós estamos aqui para derrotar a coligação PSD/CDS. Para derrotar estes últimos anos em que vimos multiplicar-se o número de desempregados, em que vimos tantos familiares abandonar o país”, disse a socióloga Ana Drago, destacando que a candidatura se dirige “a todos aqueles que olham com desespero para a situação do país”.

Se os nomes do PSD e CDS foram chamados com um o propósito claro, o do PS nem tanto. Mas foi pelo menos alvo de um piscar de olho: “Queremos criar uma plataforma de governação diferente na Assembleia da República, para criar espaços de diálogo e entendimentos onde antes havia muros de silêncio”. Entendimentos com “outras forças políticas que possam de facto responder à vida das pessoas nas próximas legislativas”, disse Ana Drago.

Da curta declaração que ambos fizeram na Casa da Imprensa, em Lisboa, ficaram também algumas promessas: que o Livre/Tempo de Avançar vai “entrar no debate político” a pés juntos, que vai “acrescentar clareza às escolhas que têm de ser feitas”, e que vai “fazer tudo, mas tudo, recolhendo muitos votos e elegendo um grupo parlamentar numeroso, para reverter a venda da TAP“. E mais uma: a renegociação da dívida. “Connosco é garantido que a renegociação e a reestruturação da dívida não ficam à porta do Conselho Europeu”, prometeu o historiador e fundador do Livre.

“Cada dia a menos deste estado de coisas, deste Governo, é um dia a mais para nos exercemos a nossa responsabilidade cívica”, disse.

Os resultados das primárias, que decorreram durante o fim de semana em duas dezenas mesas de voto espalhadas por todo o país, foram divulgados esta quarta-feira, em conferência de imprensa em Lisboa. O processo de contagem de votos – que para além dos votos presenciais, incluía também votos por correspondência – foi complexo e demorado, segundo o próprio partido, uma vez que foi necessário ordenar as listas nos vários círculos eleitorais, tendo em conta também o critério da paridade (um homem, uma mulher).

Concorriam nestas primárias 385 candidatos para os 22 círculos eleitorais (18 distritos de Portugal continental, Açores, Madeira, Europa e Fora da Europa). Segue a lista, divulgada esta tarde, dos dois nomes mais votados em cada círculo. Nos casos de Setúbal, Lisboa e Porto, os círculos de maior dimensão, além dos dois cabeças de lista foram divulgados mais nomes:

Lisboa: Rui Tavares, Ana Drago, José Maria Castro Caldas, Filipa Vala, André Freire, Marisa Galiza

Porto: Daniel Mota, Diana Barbosa, Ricardo Sá Fernandes, Mariana Topa, Jorge Morais, Manuela Juncal

Setúbal: Isabel do Carmo, Renato Carmo, Ana Raposo Marques e Miguel Dias

Fora da Europa: Carla Félix e Nuno Batalha

Europa: Lídia Martins e Jorge Pinto

Portalegre: Jaime Crespo e Graça Felipe

Bragança: Filipe Coelho e Nuno Gomes Ferreira (único caso sem paridade nos cabeças de lista)

Guarda: Nuno Serra e Margarida Bordalo

Évora: Ofélia Janeiro e Adelino Fonseca

Beja: Ana Matos Pires e João Gaspar

Castelo Branco: Margarida Vaz e Luís Costa

Vila Real: Pedro Lopes e Liliana Veríssimo Carvalho

Viana do Castelo: Manuela Silva e João Melo Ramos

Açores: Pedro Alves e Florbela Carmo

Madeira: Cátia Gomes e Carlos Pestana

Viseu: Sílvia Vermelho e António Lopes

Santarém: Pedro Mendonça e Eugénia Pires

Leiria: Filipe Mil Homens e Leontina Pereira

Aveiro: Aurora Cerqueira e Daniel Malafaia

Braga: Sónia Rocha e Luís Cunha

Coimbra: José Reis e Isabel Prata

Faro: Anabela Afonso e Joaquim Costa