O secretário-geral do PS vai estar no terreno até ao debate do Estado da Nação no Parlamento, no dia 8, para dar voz aos cidadãos e para “denunciar os sete pecados capitais” do Governo.

Esta forma de intervenção política, à qual se juntarão todos os deputados do PS, foi transmitida por António Costa numa conferência de imprensa em que defendeu que chegou o momento de se fazer um balanço da atividade do Governo, não permitindo em simultâneo que o executivo se esconda atrás da Europa ou do passado.

Tendo na plateia vários membros da direção da bancada socialista, António Costa considerou que o Governo cometeu “sete pecados capitais” ao longo desta legislatura, sendo o primeiro deles “as falsas promessas da campanha das legislativas de 2011, quando o atual primeiro-ministro garantiu que não cortaria salários, pensões e não aumentaria impostos”.

“Vamos alargar o debate a todo o país, de forma a ir ao encontro direto dos portugueses e de forma a expressarmos na Assembleia da República a voz dos cidadãos sobre o verdadeiro Estado da Nação. Vamos expressar a voz daqueles que foram traídos por promessas não cumpridas pelo atual Governo, a voz das famílias empobrecidas, a voz dos jovens que emigram para fugir do desemprego, a voz dos trabalhadores angustiados pela precariedade e a voz dos cidadãos que desesperam pela deterioração dos serviços públicos”, declarou o líder socialista.

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Além da questão dos cortes de salários e de pensões, a par do aumento de impostos, o secretário-geral do PS apontou também como pecados capitais o aumento do desemprego, da precariedade e da emigração, a asfixia da classe média, o aumento da pobreza e desigualdades, o abandono da prioridade ao conhecimento (com desinvestimento na ciência, educação e cultura), o ataque aos serviços públicos e, finalmente, as quebras brutais nos investimentos público e privado.

Perante os jornalistas, António Costa acusou “a direita” de procurar “iludir” a realidade do Estado da Nação, “unindo-se numa frente comum, usando e abusando dos recursos do Estado num último e desesperado esforço para conservar o poder, em que o frenético contrarrelógio de privatizações só denuncia a consciência que tem que o seu tempo já se esgotou”.

“A direita não se pode esconder nem atrás do passado, nem atrás da Europa. Este é o momento de fazer o balanço da sua governação, respondendo pelos sete pecados capitais que lançaram Portugal numa rota de retrocesso. Este é o momento de fazermos o debate do Estado da Nação com os cidadãos e de fazermos na Assembleia da República o debate dos cidadãos com o Governo”, acrescentou.

A questão entre a Grécia e as instituições europeias não pode diminuir ou desviar as atenções dos problemas existentes nacionais, que resultam do Governo português e não da crise grega, defendeu.

“A preocupação que temos com a Grécia não nos pode diminuir nem distrair da preocupação que temos com Portugal, mais concretamente com aquilo que atinge o dia-a-dia dos portugueses e com aquilo que no dia-a-dia compromete a atividade das empresas portuguesas. Aquilo que acontece em Portugal, que atinge os portugueses e as empresas portuguesas não resulta do que se passa da Grécia, mas da atuação do Governo”, sustentou o secretário-geral do PS.

Já antes, o líder socialista tinha acusado o Governo de se tentar “esconder atrás da Europa” e “do passado” para escapar a um balanço sobre os resultados da sua governação.