Um mês depois de mudar de nome, e de gestão, a Pharol acumula em bolsa uma queda de 28%. Se esta evolução deve muito à turbulência vinda da Grécia, que tem penalizado mais as bolsas periféricas como Lisboa, há outros fatores a pesar na capacidade do título em atrair compradores. Entre estes, destacam-se a crescente dificuldade em recuperar o investimento de 897 milhões na Rioforte, que se afunda cada vez mais no processo de insolvência do Grupo Espírito Santo, e a falta de notícias animadoras do Brasil
A nova gestão da Pharol, antiga PT SGPS, foi a Madrid, em road show, para mostrar aos investidores os seus planos para inverter a trajetória recente da companhia. Uma tesouraria com 80 milhões de euros, racionalização de custos e revisão de salários, foram trunfos apresentados pela equipa liderada por Luís Palha da Silva que promete ainda tudo fazer para tirar o máximo valor dos ativos e focar-se no aumento da remuneração dos acionistas, de acordo com uma apresentação divulgada ao mercado.
O plano começa pelo melhor. A participação na brasileira Oi, onde a Pharol é a maior acionista com 27,5%. O regresso a um cash-flow positivo, melhoria das práticas de governo, a redução dos custos financeiros e uma participação ativa em cenários potenciais de consolidação, são pontos salientados.
A venda da PT Portugal foi a grande medida de desalavancagem da Oi, justificada em nome da necessidade de obter recursos para participar em processos de consolidação no Brasil, mas estas operações tardam a acontecer. Para além da PT Portugal, a participação na Unitel (operadora angolana) continua na lista dos ativos não centrais que estão para venda.
Crédito sobre a Rioforte só será aceite em setembro
A participação na Oi poderá, em tese, ser reforçada, se a Pharol conseguir otimizar o seu outro ativo, o investimento de 897 milhões de euros na Rioforte, mas esta é uma possibilidade remota, reconhece a própria empresa. Nesta fase “não é possível avaliar de forma precisa a taxa de recuperação e o tempo”, uma vez que muitas dos empréstimos concedidos pela Rioforte estão em discussão.
A sucessora da PT prevê que o crédito reclamado junto da holding do Grupo Espírito Santo seja reconhecido pelo tribunal de insolvência do Luxemburgo apenas em setembro deste ano. Algumas operações de execução e venda dos ativos foram travadas por ordem da justiça portuguesa e não há indicação de quanto tempo pode durar o arresto de património. A empresa adianta que está a analisar várias soluções de saída, mas não diz quais.
A empresa irá também colocar à votação dos acionistas, em assembleia convocada para dia 31 de julho, a apresentação de ações contra os ex-gestores envolvidos nesta operação, para além do processo contra o antigo auditor que já estará em marcha.
A administração diz-se igualmente “absolutamente focada” em melhorar os custos de estrutura, através de um programa de racionalização de custos e a adoção de soluções de outsourcing. Estão a ser estudados programas de controlo de custos em ativos chave, para além de uma diminuição dos encargos com os órgãos sociais. Ainda não é conhecida a estrutura de pessoal da Pharol, cuja atividade ficou limitada à de uma gestora de participações sociais depois da venda da PT Portugal.