Os bombeiros de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, perderam parte da herança de uma benemérita com a hasta pública de uma moradia herdada para pagamento de uma dívida a um empreiteiro.

O tribunal de Bragança agendou para hoje a abertura de propostas da hasta pública consequência de uma penhora, mas não apareceu nenhuma proposta e a moradia acabou por ser entregue ao empreiteiro pelo valor da dívida e juros, 195 mil euros.

A moradia localizada em Cascais fazia parte da uma herança singular que uma benemérita de uma aldeia do concelho, Ligares, deixou aos bombeiros e que incluía imóveis e propriedades agrícolas, como a moradia em causa ou uma quinta na zona demarcada do Douro vinhateiro, em Barca D’Alva.

“Estamos aliviados”, afirmou à Lusa Edgar Gata, presidente da direção da Associação Humanitária dos Voluntários, reconhecendo, contudo que imóvel vale o dobro da dívida em causa.

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A penhora, segundo explicou, resultou de um processo de 2006 relacionado com as obras realizadas no quartel dos bombeiros, em Freixo de Espada à Cinta.

Os trabalhos realizados na cobertura e ampliação do quartel custaram cerca de 150 mil euros e foram realizados no âmbito de um acordo entre a associação de bombeiros e a Câmara Municipal.

Segundo os bombeiros, a autarquia, proprietária do edifício do quartel cedido aos voluntários, terá dado garantia de que cobria através de financiamento comunitário o valor da obra, porém tal não se concretizou e o empreiteiro processou a associação humanitária e penhorou o imóvel.

O presidente da associação admitiu estar com receio de que surgisse uma proposta inferior ao valor reclamado pelo empreiteiro, já que a base de licitação era de 150 mil euros e que além de perderem a moradia, os bombeiros ainda ficasse em dívida.

Edgar Gata disse à Lusa que chegou à direção há apenas dois meses pelo que não pode responder á pergunta porque não tentaram os bombeiros vender o imóvel por um melhor preço no mercado e saldar a dívida, ficando ainda com algum proveito.

Vender alguns dos imóveis para garantir desafogo financeiro da corporação era a intenção da direção, quando em 2010 a Lusa deu conta desta fortuna herdada que transformou os bombeiros de Freixo de Espada à Cinta em proprietários e empresários agrícolas.

A corporação Freixo de Espada à Cinta liderada pelo comandante Sá Lopes transformou alguns terrenos abandonados que herdou junto à aldeia da benemérita numa quinta que vive do voluntariado como os bombeiros, mas dá também trabalho a gente da terra, além de ter como propósito contribuir para a autonomia financeira aos bombeiros”.

Além das terras, os voluntários herdaram também a casa da aldeia da benemérita, conhecida como “menina” Veneranda de Castro Martins”, que nunca casou, nem tinha herdeiros.