Relógios há muitos, mas nem todos se podem dar ao luxo de carregar um no valor de 620 mil dólares, qualquer coisa como 568 mil euros. Foi o que fez Dimitry Peskov, porta-voz de Vladimir Putin, no dia em que trocou alianças com a ex-atleta olímpica Tatyana Navka. O que Peskov não esperava é que o seu relógio se tornasse numa arma para os opositores do Kremlin.

A cerimónia, por si só, já prometia criar muita polémica. Para lá da lista de convidados super-VIP, Peskov e a noiva fecharam um dos hotéis mais luxuosos de Sochi. As atenções estavam todas concentradas no casal, mas foi o objeto de 18 quilates, um relógio da marca Richard Mille que Peskov trazia no pulso, que acabou por incendiar os comentários nas redes sociais.

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Um dos rostos da oposição ao regime de Putin, Alexander Navalny, não deixou escapar a oportunidade. “Como é que o porta-voz do Presidente consegue comprar um relógio que custa quatro vezes o seu salário anual?”, perguntou no seu blogue pessoal.

De acordo com a BBC, Peskov terá dito que o relógio fora um presente de casamento da esposa, mas as fotografias publicadas na conta de Instagram da filha parecem contar outra história: meses antes do casamento, já o Richard Miles adornava o pulso do porta-voz de Putin.

O relógio de Peskov (ou melhor, o que ele simboliza) não é, no entanto, caso único. Como recupera a cadeia de televisão britânica, Aisha Buhari, mulher do Presidente da Nigéria – um líder que sempre fez questão de vestir a pele de “homem do povo” – posou para uma fotografia com um relógio Cartier Baignoire Folle com 18 quilates de diamantes incrustados e ouro branco, avaliado em mais de 40 mil euros.

Também Abu-bakr Al-Baghdadi, líder do Estado Islâmico, que faz da luta contra o Ocidente e o que ele representa um dos seus pilares, acabou por saltar para as redes sociais depois de ter sido fotografado com um relógio que se acredita ser da marca Rolex ou da Omega Seamaster no pulso.

Em 2012, foi a vez de Yang Decai, membro do Governo chinês, chamar a atenção pelos piores motivos, depois de ter sido fotografado a rir-se enquanto olhava para um autocarro acidentado. E foi esse o rastilho que acendeu toda a polémica.

Os utilizadores do site Sina Weibo, o “Twitter made in China”, não descansaram até encontrarem várias fotografias de Decai onde posava com diferentes relógios de luxo, avaliados em milhares de euros. A partir daí, a vida de Decai tornou-se num pesadelo: começou a ser investigado pelas autoridades chinesas e acabou condenado a 14 anos de prisão por corrupção.

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Uma compilação de fotografais de Yang usando diferentes relógios de luxo (Crédito: BBC)