Afinal, quem é o responsável pelos cartazes socialistas que tanta polémica causaram? O Diário de Notícias avança este domingo que terá sido Vítor Tito, publicitário do Porto, o criativo que idealizou a campanha – uma informação que correu dentro do PS no sábado e que também chegou ao Observador. Mas o especialista garante que não teve, nem tem qualquer responsabilidade na produção dos outdoors. O mistério adensa-se: na sexta-feira o partido garantiu que a campanha não era de Edson Athayde, mas nada disse sobre o seu autor.

Em resposta às perguntas do Observador, enviadas sábado à noite via email, o publicitário nortenho Vítor Tito fez questão de deixar bem claro que não tem qualquer relação com os cartazes e que a sua empresa “nunca, mesmo nunca teve qualquer contrato de colaboração ou de prestação de serviços com qualquer partido ou organização partidária”.

Mais: Vítor Tito, presidente do conselho de administração da BBZ, sublinhou ainda que a sua empresa nunca faturou “um cêntimo a qualquer organização política ou partidária” por considerar que esse não é “core business” da empresa e porque acredita que uma eventual conotação político-partidária “poderia ter um prejuízo objetivo” na “atividade empresarial” da BBZ. “E esta política empresarial não teve qualquer desvio até ao dia de hoje”, insistiu o publicitário.

O Diário de Notícias conta, no entanto, uma versão diferente da de Vítor Tito. O jornal escreve que o publicitário foi o criativo responsável pelos novos outdoors e recupera, citando fontes da direção do próprio partido, um historial de colaboração do publicitário com o PS. Tito terá, por exemplo, ajudado, ainda que a título pessoal, a campanha de Manuel Pizarro, candidato do PS à Câmara do Porto nas últimas eleições autárquicas.

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Além disso, e ainda segundo o DN, o publicitário terá também colaborado com António Costa nas várias campanhas do socialista às eleições autárquicas para Câmara Municipal de Lisboa. Um ponto é certo: a página oficial da agência publicitária coloca a autarquia lisboeta entre os clientes do portefólio da BBZ.

Os cartazes socialistas saltaram para as primeiras páginas dos jornais depois de colecionarem várias polémicas. Os primeiros foram criticados por terem um grafismo demasiado New Age e colocaram, segundo foi noticiado na altura, a relação entre o PS e o publicitário Edson Athayde em cheque.

O PS reagiu rápido, terá pedido novas imagens para a campanha, mas a segunda série de cartazes não correu como as hostes socialistas desejavam – bem pelo contrário. Numa semana em que os números de desemprego incendiaram a discussão entre socialistas e sociais-democratas, um dos outdoors contava a história de uma senhora que estava desempregada há cinco anos. O problema? Nessa altura, era José Sócrates o primeiro-ministro.

Mas a controvérsia não ficou por aqui – antes piorou. Como deu conta o Observador em primeira mão, Maria João Pinto, uma das figurantes da segunda leva de cartazes, não só não estava desempregada na altura em que a fotografia foi tirada, como prestava serviços na Junta de Freguesia de Arroios (socialista), contrariado o slogan que acompanhava a imagem. Mais: a jovem de 29 anos não terá dado, sequer, autorização para que a sua imagem fosse utilizada na campanha.

As sucessivas controvérsias a envolverem os cartazes do partido obrigaram a um pedido de desculpas público às “pessoas implicadas” e resultaram no pedido de demissão de Ascenso Simões, diretor de campanha da máquina socialista. Depois de fazer saber a sua intenção junto de António Costa, o cabeça-de-lista do PS por Vila Real foi substituído por Duarte Cordeiro.

O DN escreve que Edson Athayde deverá continuar, pelo menos para já, à frente da imagem da campanha. O PS ainda não disse quem esteve à frente da sucessiva vaga de cartazes eleitorais, tendo apenas garantido na sexta-feira à noite que não era Edson o responsável pelos cartazes que referiam os alegados desempregados.